Casal do bairro Partenon tem casa destruída no temporal e reclama de descaso da Prefeitura

Casal do bairro Partenon tem casa destruída no temporal e reclama de descaso da Prefeitura

Após queda de árvore devastar residência há mais de uma semana, luz ainda não retornou ao local

Felipe Faleiro

No Bairro Partenon, os moradores seguem vivendo os impactos deixados pela tempestade.

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O casal de aposentados Joaquim Souza Filho e Leonir Salat de Souza, ambos com 80 anos, estava em casa na noite de terça para quarta-feira da semana passada quando uma enorme árvore caiu sobre a residência deles, na rua Tobias Barreto, bairro Partenon, em Porto Alegre. Após o temporal destruidor da ocasião, a família viveu horas de angústia, contando com a ajuda dos vizinhos, que quebraram um muro lateral para que os dois, mais o filho Gabriel Salat, servidor público, e a esposa dele, a fonoaudióloga Ana Guerra, pudessem sair.

Mais de uma semana depois, a frente da casa segue convertida em um monte de entulhos, que na manhã desta quarta-feira permaneciam no pátio. A árvore, por sua vez, foi cortada em vários grandes pedaços, e continuava na calçada. Prefeitura, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e inclusive o Exército “nada fizeram”, dizem eles, que continuam morando no local. Os vizinhos confirmam. “Eu estava sentado ali”, afirma Joaquim, apontando para a frente da casa, a área mais danificada, “e deu aquele estouro todo. Quando menos esperamos, caiu tudo em cima de nós, pedaço de parede e do telhado”.

Este último, ele conta, havia sido reformado há cerca de seis anos. Há, no casal, que está junto há mais de 50 anos, um misto de desolação, angústia e um sentimento de abandono, já que, no máximo, os órgãos públicos “vêm para tirar foto e vão embora”, informa Leonir. Apesar de não terem se ferido, diante da tragédia material eles preferiram ficar na casa, à qual sobraram intactos o banheiro, a cozinha e dois quartos, enquanto as salas de jantar e estar foram destruídas.

Em parte, a opção foi porque este é o único imóvel de Joaquim e sua esposa, que têm, além de Gabriel, mais dois filhos, oito netos e uma bisneta ainda bebê. “A Prefeitura vai ter que nos pagar este estrago. Não fosse o vizinho fazer um buraco ali do lado, estaríamos presos aqui dentro até agora. O (prefeito Sebastião) Melo, quando fez campanha (à Prefeitura), veio aqui com chapéu de obra e disse que a questão seria resolvida”, prosseguiu Leonir. Há luz da CEEE Grupo Equatorial na região, cuja demora para a resolução do problema eles dizem compreender.

De acordo com a aposentada, ela mesma tinha um protocolo de poda e outro vizinho, ao menos quatro para o mesmo vegetal. Leonir e Joaquim afirmaram que vão reconstruir a residência, mesmo que leve muito tempo. O abastecimento de água retornou ao local depois de três dias e um novo poste foi providenciado por um familiar, e chegará no final da semana. “Há uns oito meses, uma engenheira da Prefeitura disse que a árvore já estava condenada. Já disseram também que a árvore não pertencia a nós. E agora, a quem pertence o estrago?”, questiona a aposentada.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895