Caso Kiss: familiares das vítimas apoiam suspensão de júri e pedem restabelecimento da condenação dos réus

Caso Kiss: familiares das vítimas apoiam suspensão de júri e pedem restabelecimento da condenação dos réus

Julgamento foi suspenso por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF)

Correio do Povo

Familiares das 242 vítimas pedem restabelecimento da condenação dos réus pelo incêndio na boate Kiss

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A ordem que suspendeu o novo julgamento dos quatro réus pelo do incêndio na boate Kiss foi comemorada por familiares e amigos das vítimas , em Santa Maria, na região Central. O júri estava marcado para o dia 26 de fevereiro, em Porto Alegre, mas foi suspenso por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). A tragédia, ocorrida em 27 de janeiro de 2013, deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.

Por conta da determinação, o processo vai permanecer suspenso até que a corte julgue os recursos do Ministério Público do Rio Grande do Sul e do Ministério Público Federal. A decisão atende também os anseios da Associação das Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).

De acordo a organização, antes da realização do júri, os ministros do Supremo deveriam analisar os pedidos contra a ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou um novo julgamento.

"A decisão atende ao desejo dos familiares das vítimas do incêndio, já que eles nunca concordaram com a anulação do julgamento ocorrido em dezembro de 2021. Com isso, o STF terá tempo de analisar o pedido de revisão da anulação do primeiro júri. O que os pais querem é que a sentença de condenação dos quatro réus seja restabelecida”, declarou a jornalista Daniela Arbex, que escreveu o livro Todo Dia a Mesma Noite, contando a história da tragédia. A manifestação foi republicada nos perfis da AVTSM.

Paulo Carvalho, pai de uma das vítimas, também endossou a decisão que suspendeu o segundo júri. O filho dele, Rafael, tinha 32 anos quando perdeu a vida na tragédia. “Se o STF suspender a anulação [do primeiro júri], essa decisão será um importante precedente contra a impunidade com manobras de defesas imorais contrárias aos Direitos da população estabelecidos na Constituição. Um marco na história das tragédias e um sinal de um futuro com mais segurança a outros jovens. Que não seja em vão”, destacou, também nas redes sociais.

O primeiro júri popular do caso ocorreu em dezembro de 2021, presidido pelo juiz Orlando Faccini Neto. Os sócios da Kiss, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, além de Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, e do produtor de palco Luciano Bonilha Leão, chegaram a ser condenados a penas que variaram entre 18 e 22 anos de prisão, por homicídio com dolo eventual.

O julgamento teve duração de dez dias, se tornando o mais longo da história do RS. O quarteto foi preso após o então presidente do STF, ministro Luiz Fux, suspender um habeas corpus concedido pela 1ª câmara Criminal do TJRS.

Em agosto de 2022, no entanto, a decisão do júri foi anulada pelo TJRS, que atendeu recursos das defesas alegando irregularidades no processo como, por exemplo, uma suposta reunião entre Faccini e os jurados sem a presença de advogados dos réus. Todos os acusados permanecem soltos desde então.


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