Castelo de Pedras Altas é vendido e abrirá à visitação

Castelo de Pedras Altas é vendido e abrirá à visitação

Família de Santa Maria adquiriu edificação que pertenceu a Joaquim Francisco de Assis Brasil e é Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul

Angélica Silveira

Novos donos desejam preservar o legado da propriedade centenária

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Um dos patrimônios históricos do Rio Grande do Sul, o castelo que pertenceu ao advogado, político e diplomata Joaquim Francisco de Assis Brasil (São Gabriel, 1857 – Pinheiro Machado, 1938), em Pedras Altas, foi vendido. Construído entre 1909 e 1913, a estrutura, em estilo medieval, deve virar um museu. A propriedade tem 44 cômodos e 300 hectares, foi comprada pela família Segat, de Santa Maria. No local, foi assinado o tratado que deu fim à Revolução de 1923, entre Chimangos e Maragatos, sendo que o nome do pacto foi Pacto de Pedras Altas, no Sul do Estado.

A edificação serviu de moradia para Assis Brasil e foi construída para presentear a esposa, Lídia. Nesta semana, a venda deve ser finalizada pelos herdeiros de Assis Brasil. Como mais de 90% dos herdeiros já assinaram o contrato, a posse foi efetivada com a entrega das chaves.

Em 1999, o local foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE). “Em 2014, já haviam decidido pela venda, pelo número de herdeiros e impossibilidade de alguém morar lá, o que dificultou a possibilidade de concretizar qualquer tipo de projeto, levando a precariedade do local”, conta Suzana de Assis Brasil Mendes, bisneta de Assis Brasil. Ela relata que em 2019 foi criado um grupo de WhatsApp, pois o local estava abandonado desde 2017, o que gerou Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público Estadual sobre a situação do telhado e da biblioteca. “Ao longo dos dois anos resolvemos os problemas. Houve a catalogação de todas as 7 mil obras da biblioteca e do telhado, e a família conseguiu recursos em função do arrendamento de terras pertencentes ao castelo para soja e pecuária.”

O dinheiro também foi utilizado para a manutenção do local nos últimos dois anos. A família de Santa Maria se interessou no final de 2021. “Esbarramos no número de herdeiros e pensamentos divergentes, então a venda foi a alternativa para realizar o sonho do meu bisavô, conservando o castelo e abrindo o local para visitação pública para que as gerações conheçam a história.”

Os novos compradores afirmam que a intenção da compra é atrair visitação, preservando o legado de Assis Brasil. O advogado Luiz Carlos Segat preside a Associação Castelo de Pedras Altas e é pai dos novos proprietários Rafael, Gabriela e Kamilla Segat. Ele conta que a família estava focada na área rural. “Quando conhecemos a história de Assis Brasil, o que ele fez e a sua importância, decidimos que o objetivo é abrir o castelo para a população.”

A secretária estadual de Cultura, Beatriz Araújo, visitou o local. Técnicos da pasta também estiveram na área e ofereceram aos novos proprietários orientações. Agora, eles devem providenciar profissionais para desenvolver projetos e trabalhar nos reparos emergenciais. Beatriz acredita que a parte externa deve ser aberta para visitação até 2023 e conta que o entorno da Granja Pedras Altas, onde fica o castelo, já está sendo cuidado pelos novos donos. “Eu vejo esta compra como uma luz que se acende no patrimônio. O comprador é comprometido com a memória do Assis Brasil, recuperação e disponibilização daquele patrimônio para a população aproveitar”, destaca.


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