Castelo de Pedras Altas tem projeto de restauração aprovado

Castelo de Pedras Altas tem projeto de restauração aprovado

Local pertencia ao político Joaquim Francisco de Assis Brasil e sediou a assinatura do tratado que deu fim à Revolução de 1923

Christian Bueller

A propriedade, que tem 44 cômodos e 300 hectares, foi comprada pela família Segat

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O projeto de reforma e reestruturação do castelo que pertenceu ao advogado, político e diplomata Joaquim Francisco de Assis Brasil, no município de Pedras Altas, na região Sul do Rio Grande do Sul, foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC). A liberação de recursos de R$ 1.976.392,30 para a primeira etapa da obra foi publicada pelo Diário Oficial do Estado. A propriedade, que tem 44 cômodos e 300 hectares, foi comprada pela família Segat, de Santa Maria, em março deste ano e deverá se tornar um museu.

Por se tratar de um patrimônio histórico tombado do RS, a edificação precisa ser restaurada e não apenas reformado. Com a LIC, a Associação Castelo de Pedras Alta, presidida pelo advogado e pecuarista Luiz Carlos Segat, está apta a buscar aportes de empresas que pagam ICMS ao governo do Estado e possam destinar o recurso para a restauração. “Ficamos muito felizes com a aprovação. Foram nove meses de projetos, trabalho e espera para esta primeira etapa”, conta Segat. O terreno está no nome dos três filhos, Rafael, Gabriela e Kamilla, que seguem a profissão do pai.

Segundo Luiz Segat, a previsão e que a captação de recursos comece em janeiro de 2023. “Depois, já começaremos a obra, iremos até a quarta etapa do projeto”, prevê. A família proprietária da Granja de Pedras Altas, onde foi assinado o tratado que deu fim à Revolução de 1923, entre Chimangos e Maragatos, aguarda ansiosamente por duas datas importantes para o próximo ano. “No dia 24 de junho, se completam 110 anos do término da construção do castelo. E, em 14 de dezembro é o centenário da assinatura desde tratado de paz”, adianta o líder agrícola.

A edificação serviu de moradia para Assis Brasil, que dá nome a diversos logradouros pelo estado, e foi construída para presentear a esposa, Lídia. Em 1999, o local foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE). “Em 2014, já haviam decidido pela venda, pelo número de herdeiros e impossibilidade de alguém morar lá, o que dificultou a possibilidade de concretizar qualquer tipo de projeto, levando a precariedade do local”, conta Suzana de Assis Brasil Mendes, bisneta de Assis Brasil, à época da venda do castelo.

O teto máximo para cada etapa do projeto é R$ 2 milhões e o orçamento para o total da obra é R$ 10 milhões. A intenção da família Segat é atrair visitação, preservando o legado de Assis Brasil. Luiz Carlos conta que a família estava focada na área rural. “Quando conhecemos a história de Assis Brasil, o que ele fez e a sua importância, decidimos que o objetivo é abrir o castelo para a população”, relata. A primeira etapa será destinada à restauração do que é considerado mais precário, no andar superior, e na parte elétrica, estrutural e infiltrações.

No local, além da biblioteca, considerada a maior em termos privados, com mais de 12 mil itens que estão sendo catalogados, é abrigado o Lenço Farroupilha, um dos símbolos do estado do RS - e uma das únicas peças ainda existentes. O acervo inclui, ainda objetos de uso pessoal, louças, tapetes e o automóvel presenteado por Henry Ford a Assis Brasil em 1927, em pleno funcionamento.

Revolução de 1923

O ano de 1923 foi marcado pelo confronto entre os assisistas e borgistas no RS. O primeiro grupo, compondo a oposição, era formado pelos dissidentes do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e antigos federalistas (maragatos), reunidos, sob a liderança de Assis Brasil. O segundo, composto por chimangos (antigos pica-paus), era liderado por Antônio Augusto Borges de Medeiros, que governou o Estado por mais de 20 anos. A Revolução de 1923 teve a duração de 300 dias, totalizando vinte e um combates, nos quais se perderam mais de mil vidas. O fim do conflito aconteceu no castelo, com assinatura do chamado Pacto de Pedras Altas.


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