Celebrações de Finados reúnem milhares de pessoas nos cemitérios de Porto Alegre

Celebrações de Finados reúnem milhares de pessoas nos cemitérios de Porto Alegre

Deposição de pétalas, atos religiosos e muitas homenagens marcam data nesta quinta-feira

Felipe Faleiro

Famílias visitaram os locais para prestar homenagens aos entes queridos

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Os cemitérios de Porto Alegre estão lotados nesta quinta-feira para as celebrações do dia de Finados. Os locais recebem milhares de visitantes, especialmente famílias, em busca de prestar homenagens aos entes queridos já falecidos, e ainda promoveram programações especiais de acolhimento a estas pessoas. Havia certa preocupação dos gestores em razão das muitas nuvens, prenunciando chuva, e o vento forte do período da manhã.

No Cemitério Parque Jardim da Paz, bairro Agronomia, houve a tradicional deposição de 180 quilos de pétalas de rosas a partir do sobrevoo de um helicóptero, cerimônia esta realizada há mais de 20 anos, e que somente não ocorreu em duas oportunidades em razão da pandemia. “É um momento de recordação das famílias enlutadas. Neste momento em que vivemos, de tantas divergências sociais e guerras, precisamos parar para pensar no que estamos fazendo com o mundo e lembrar o legado dos que partiram”, disse o diretor do Jardim da Paz, Gerci Perrone Fernandes.

O Jardim da Paz espera 30 mil pessoas hoje. O aposentado Ivânio Bedin, morador da Lomba do Pinheiro, contou que tem parentes sepultados no local, e que as pétalas de rosas são sempre um momento bastante aguardado. “É um momento muito bonito e de bastante reflexão. Gosto bastante de frequentar aqui”, contou ele. O Jardim da Paz também recebeu serviços de saúde, como o corte de cabelo para a confecção de perucas a pessoas em tratamento contra o câncer e uma ação de conscientização do grupo de apoio e prevenção ao câncer de mama Viamama, de Viamão.

“Acho muito boa esta parceria com o Jardim da Paz, porque muita gente vem para buscar saber como se prevenir, e, neste caso, podemos instruir, encaminhar”, contou a voluntária Giani Mari Morais Dias. No Cemitério Ecumênico João XXIII, a gestora Flávia de Barba contou que, já na quarta-feira, véspera de feriado, mais de duas mil pessoas já haviam passado pelo local. O local inaugurou um painel, criado pelo artista Tiago Berao, e criou um espaço onde os funcionários puderam trazer itens de lembranças de seus entes queridos.

Além disto, também houve medição de pressão arterial e níveis de glicose, bem como a presença de músicos itinerantes. “Entregamos ainda sementes de pervinca, flor que tem todo um significado de amor e recordação. O que fazemos aqui é a celebração da vida”, afirmou Flávia. O movimento também foi intenso no Cemitério da Santa Casa, onde estão sepultadas personalidades como o músico Teixeirinha, cujo túmulo é sempre bastante visitado. 

O pedreiro Jair Alves e sua irmã, Rita de Cássia Conceição de Souza, que moram no Jardim Planalto, estiveram nos jazigos de parentes. “Fazemos questão de vir e nos mantermos fiéis às tradições. Achamos que talvez o dia não colaboraria muito, mas conseguimos comparecer”, comentou Alves. No São Miguel e Almas, onde está o túmulo do poeta e jornalista Mário Quintana, o destaque foi para a inauguração recente do caminho que relembra a Via Sacra, e que serpenteia o bosque de mata nativa do cemitério.

Conforme o provedor da Irmandade do Arcanjo São Miguel e Almas (ISMA), mantenedora do espaço, Ito Hugo Fischer, a expectativa é de receber 30 mil visitantes até domingo. “É uma ideia que tínhamos em mente há uns 15 anos, e pensamos em que a pessoa permanece aqui, velando seu ente querido por várias horas. Então, a Via Sacra, mais do que ser apenas um espaço de contemplação, elas podem pensar um pouco na vida e na morte também”, comentou. A irmandade celebrou 250 anos em setembro, apenas um ano a menos do que a própria Capital.


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