Cemitério de Alvorada: famílias vivem incerteza após desabamento de estrutura com dezenas de corpos

Cemitério de Alvorada: famílias vivem incerteza após desabamento de estrutura com dezenas de corpos

Prefeitura afirma que começou a entrar em contato com familiares, que reclamam da falta de informação

Fernanda Bassôa

Cemitério Municipal de Alvorada é interditado após queda de estrutura

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O desmoronamento das galerias da quadra E do Cemitério Municipal de Alvorada que, segundo a Prefeitura, teria sido causado pelas fortes chuvas da última sexta-feira, está causando polêmica na cidade e deixando famílias angustiadas pela falta de informação sobre a situação de parentes e entes queridos que ali estão enterrados.

O trabalhador da construção civil, Ismael Brandão Melo, que tem a mãe sepultada na quadra E, seguia sem informações sobre as reais condições do local. “Ficamos sabendo da situação pelas redes sociais. Minha irmã me ligou e para ela foi como se a mãe tivesse morrido novamente. Ainda seguimos sem informação. A Prefeitura não fez nenhum contato, mas se a gaveta dela foi atingida, vamos pedir ressarcimento por danos morais em razão do descaso e falta de manutenção no local”, disse Melo, cuja mãe foi sepultada no local há três anos. “A má conservação e a falta de cuidado com o cemitério vem de anos. Além da sujeira, há muitos problemas estruturais.”

O titular da Secretaria de Serviços Urbanos, José Luis Corrêa, pasta a que está vinculado o cemitério municipal, disse que nesta segunda-feira um engenheiro da Prefeitura foi até o local fazer uma vistoria. “Houve uma erosão do solo, o que acabou provocando a queda da galeria. Entre 80 a 90 gavetas foram diretamente atingidas, mas a estrutura lateral, que contém outras 45 gavetas, também ficou comprometida. Estes deverão ser retirados da estrutura danificada para que possamos colocar escoras e providenciar a reforma. Quanto aos demais, estamos fazendo contato com parentes e proprietários dos lotes para informa-los que os corpos e restos mortais serão exumados e remanejados para outra galeria que está livre, disponível para isso.”

Sobre a estrutura que foi totalmente destruída pelo temporal, ele diz que os escombros serão retirados e o local será limpo para que seja feita uma avaliação do que vai ser construído futuramente.

O secretário informou ainda que o local foi isolado no sábado e domingo o cemitério ficou fechado somente para visitação. “Os velórios foram interrompidos das 8 às 10 horas. Depois disso, foram todos liberados. Inclusive nenhum enterro foi proibido no local.” Sobre a manutenção, Corrêa explica que quanto aos jazigos particulares, de pessoas que adquirem ou alugam, estes é que são responsáveis pela conservação e reparos nas estruturas. A parte da Prefeitura é sobre o corte de grama que é feito de 60 em 60 dias e a segurança e vigilância do local é realizada pela Guarda Municipal.

O vereador Cristiano Schumacher, que está espantado com a situação que chegou o cemitério, disse que essa é a pauta da sua fala nesta terça-feira no plenário da Câmara de Vereadores. “Faz muitos anos que o local não recebe nenhum tipo de investimento. O aspecto dele é terrível não apenas para quem precisa enterrar algum familiar, mas para o bairro como um todo, pois o cemitério fica no meio de uma área urbana. Desde as estruturas e os acessos. Isso precisa mudar. A cidade está em total abandono, sem liderança. São necessárias ações preventivas para que a comunidade não se sinta desassistida.”


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