Centenas de trabalhadores terceirizados protestam por melhores salários na Refap, em Canoas

Centenas de trabalhadores terceirizados protestam por melhores salários na Refap, em Canoas

Funcionários afirmam que salários pagos pela Petrobras e terceirizadas são 30% menores no RS do que em outras refinarias do país

Felipe Faleiro

Funcionários tomaram a avenida Antônio Frederico Ozanam, junto a um dos acessos da refinaria, em Canoas

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Em assembleia realizada na manhã de hoje, junto a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, na Região Metropolitana, trabalhadores terceirizados da Petrobras decidiram decretar estado de greve. Eles montaram uma comissão e se reuniram mais tarde na sede do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (Stimepa), para avaliar os termos. Foi o segundo dia seguido de mobilização de centenas de pessoas, muitas provenientes de outros Estados, no local. O Choque e a Força Tática da Brigada Militar (BM) acompanharam os atos.

Eles pleiteiam aumento de 30% nos salários, além de outros benefícios, equiparando estes valores aos pagos nas demais refinarias administradas pela Petrobras no país. Nesta terça-feira, mais duas pautas foram incluídas no pacote de exigências junto às empresas: sem descontos dos dias paralisados e estabilidade aos membros da comissão. Os funcionários de companhias como Estrutural e Engevale foram contratados para atuar na parada de manutenção iniciada pela Petrobras na última segunda-feira. Integram ainda o movimento funcionários da Darcy Pacheco e Contratec Engenharia.

“Eles não conseguem render em uma situação análoga à escravidão, como é ali [na Refap]. São vestiários totalmente ruins, precarizado, além de outras situações. A entidade sindical vem no formato de conciliadora, e estamos aqui, de maneira pacífica e ordeira para que a paralisação decorra de maneira tranquila para todos”, afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Porto Alegre (STICC), Jean Pereira, presente na manifestação. 

Segundo ele, “os trabalhadores não aguentaram”, enquanto as empresas foram “totalmente intransigentes, e não quiseram sentar para conversar e receber a pauta”. À tarde, ainda de acordo com Pereira, estava prevista nova reunião de conciliação com as empresas, que teriam seguido não aceitando negociações. Demais demandas inicialmente apresentadas pelos funcionários incluem horas-prêmio de R$ 350, ajuda de custos de R$ 1.500, adicional salarial aos sábados, adesão ao programa de lucros e resultados (PLR), entre outras.

Procurada, a Petrobras já havia se manifestado, afirmando que realiza a contratação da prestação de serviços, e que não interfere nas relações entre as empresas contratadas, trabalhadores e sindicatos. Disse ainda que todas as obrigações quanto aos contratos da Refap foram cumpridas e as atividades de parada programada estavam em andamento de acordo com o planejado. De acordo com a estatal, a duração prevista para a mesma é de três meses, e os investimentos são de R$ 450 milhões.

A Manserv, outra empresa cujos funcionários eram inicialmente apontados como membros do movimento, se manifestou em nota negando que os trabalhadores da companhia estivessem em greve, e que a paralisação “não guarda qualquer relação com a situação de seu contrato”. Disse também que é “parceira da Petrobras na Refap” e “atenta a questões ao entorno de seus contratos, seguirá contribuindo sempre, no que couber, para o equilíbrio das relações”.


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