Centro Cultural Terreira da Tribo deverá ser instalado no bairro Floresta, em Porto Alegre

Centro Cultural Terreira da Tribo deverá ser instalado no bairro Floresta, em Porto Alegre

Contrato de comodato para cessão de uma residência na Travessa Carmen, 95, deve ser assinado nos próximos dias

Felipe Faleiro

Local onde será construído o Centro Cultural Terreira da Tribo

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Deve ser assinado nos próximos dias, pelo prefeito Sebastião Melo, o Termo de Permissão de Uso (TPU), ou contrato de comodato, para cessão de uma residência na Travessa Carmem, 95, bairro Floresta, para a instalação do Centro Cultural Terreira da Tribo. O espaço será a nova sede da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, um dos grupos teatrais mais tradicionais de Porto Alegre. A informação é do secretário municipal de Cultura (SMC), Gunter Axt.

Ele acrescenta que o local em questão, que fica ao lado da Unidade de Destino Certo (UDC) Câncio Gomes, já foi vistoriado e aprovado pela trupe. Trata-se de uma residência térrea com um galpão nos fundos, onde o grupo poderá realizar seus ensaios e conservar seu acervo cultural. A mudança deve pôr fim a uma série de trocas de endereço pelas quais o Ói Nóis Aqui Traveiz passou nos últimos anos, e cuja indefinição do espaço definitivo já durava mais de uma década.

Inclui-se aí o anúncio, ainda em 2008, de um novo espaço na Cidade Baixa, bairro onde o grupo iniciou, no final da década de 1970, mas cujo projeto foi paralisado, fazendo com que a Prefeitura obtivesse o terreno de volta. Hoje, o Ói Nóis está sediado na rua Santos Dumont, bairro São Geraldo, também na região do 4º Distrito, e que está em processo de requalificação, por meio do projeto +4D. "O processo todo já tramitou dentro da Prefeitura. Havia toda aquela correria das eleições, e agora o prefeito está viajando. Tão logo ele retorne, devemos encaminhar esta assinatura", observa Axt.

Melo está em Brasília e passa ainda por Florianópolis, retornando a Porto Alegre na noite de hoje. De acordo com ele, diversos espaços foram visitados pela cidade até o martelo ser batido. O local precisa de reformas, que serão bancadas pelo grupo. Dada a complexidade do projeto, ainda não há prazo para isto. "Certamente vai levar um bom tempo para conseguirmos reconstruir o espaço e tornar ele adequado para nossas atividades", diz Tânia Farias, uma das integrantes do Ói Nóis Aqui Traveiz que acompanha o processo.

Segundo ela, há um “oneroso aluguel pesando o coletivo”. Quando estiver pronta, a nova Terreira da Tribo deverá abrigar, por exemplo, a Escola de Espaço Popular, o Centro de Experimentação e Pesquisa Cênica, a biblioteca pública e o cineclube, ainda segundo ela, todos mantidos pelo grupo. Atualmente, a residência tem apenas visíveis aspectos de abandono. O grupo foi fundado no final da década de 1970, na rua José do Patrocínio, e se mudou em 1999 para o bairro Navegantes.

Em 2008, outro TPU firmado pela Prefeitura cedeu à construção da Terreira um terreno triangular na esquina da João Alfredo com a Aureliano de Figueiredo Pinto, no coração da Cidade Baixa. Porém, por questões burocráticas, o projeto, que já tinha até desenho arquitetônico pronto, foi frustrado. Na época, R$ 1,4 milhão para a obra estava parado havia oito anos na SMC, e estimava-se o custo da conclusão em mais R$ 1 milhão. No ano seguinte, a Terreira se mudou para a sede onde está desde então, na Santos Dumont.

Em junho deste ano, a Prefeitura cercou a área, colocando inclusive um portão com cadeado na mesma. Procurada, a Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio (Smap), que cuidava do projeto antes da SMC, disse apenas que o cercamento foi feito para "preservação do patrimônio público". Até há não muito tempo, o terreno na João Alfredo era frequentado por moradores de rua, que acabaram sendo realocados antes do cercamento. Havia ainda muito lixo acumulado.

Nesta semana, está sendo construída uma calçada em frente ao terreno. O serviço é executado pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb). Um dos funcionários da obra disse à reportagem que moradores teriam reclamado da falta de acessibilidade no local. Embora os trabalhos em si não tenham relação com o futuro do terreno, para o qual ainda não há definição clara, a declaração reforça a tese do isolamento da área para evitar novas invasões e depredações, já que, também segundo ele, "inclusive carros eram estacionados ali irregularmente".

No Balanço dos Resultados 2021, documento desenvolvido pela Prefeitura para acompanhar o desempenho dos indicadores da gestão pública, a realocação da Terreira da Tribo e liberação da João Alfredo estava com a sinaleira vermelha. Ou seja, o projeto em si já era pensado desde o ano passado pela SMC, porém não concluído no prazo, e havia sido adiado para 2022. "A gente está querendo acreditar que este será um novo momento para o Ói Nóis Aqui Traveiz", comenta Tânia.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895