Chegada de refugiados ao Brasil exige esforço humanitário, diz presidente da Federação Palestina

Chegada de refugiados ao Brasil exige esforço humanitário, diz presidente da Federação Palestina

Fepal oferece suporte para que repatriados se estabeleçam no Brasil

Marcel Horowitz

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Mesmo que provisório, um abrigo em Morungaba, no interior de São Paulo, foi o teto para 22 resgatados da Faixa de Gaza. Menos de 24 horas após a chegada, no entanto, nove pessoas já haviam deixado a casa de passagem rumo a um hotel na capital paulista, nesta quinta-feira. Tanto o acolhimento como as diárias estão sendo custeados pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), que garante fornecer suporte aos repatriados até que todos se estabeleçam em solo brasileiro. 

De acordo com o presidente da Fepal, Ualid Rabah, além de moradia, a entidade também fornece alimentação aos que perderam tudo, auxiliando ainda com despesas de planos de saúde e atendimento psicológico. Além disso, afirma ele, a federação também prestará auxílio para reinserí-los no mercado de trabalho.

" A chegada deles ao Brasil exige um esforço humanitário para que todos restabeleçam suas vidas. Por isso vamos assegurar que eles não tenham nenhum problema de subsistência", destacou o Ualid. "Queremos que eles se estabeleçam na vida econômica do país. Além da moradia, também estamos tratando de outras preocupações, como planos de saúde e atendimento psicológico, que é fundamental após os traumas de um morticínio dessa natureza."

Segundo o presidente da Fepal, há resgatados que passam pelo terceiro repatriamento. Ualid conta que a maior parte deles já havia sido forçada a deixar Gaza em anos anteriores, devido a outros conflitos com Israel.  Ainda de acordo com ele, muitos retornaram ao Oriente Médio durante a pandemia, mas tiveram que ser resgatados novamente por causa da guerra iniciada em outubro, que já ultrapassa 12 mil mortes.

"Eles foram salvos de um campo de extermínio. Fugiram de uma morte muito próxima. São pessoas que perderam tudo, pela terceira vez consecutiva. Nas outras vezes que vieram para o Brasil, eles sofreram com a crise econômica e os efeitos da pandemia, então preferiram voltar para lá [Faixa de Gaza], onde estavam os parentes deles. Novamente vamos restabelecê-los, pois eles perderam tudo outra vez", afirmou. 

Um dos repatriados que deixou o abrigo é Mahmoud Abuhaloub, de 40 anos. Ao Correio do Povo, ele declarou que pretende voltar ao Rio Grande do Sul, onde morou por sete anos. "Já decidi [voltar ao RS], mas ainda não sei se vou ir para Porto Alegre ou Novo Hamburgo", afirmou. 

Abuhaloub tem um filho de nove anos no estado gaúcho. A saudade do menino, que mora em Campo Bom, no Vale do Sinos, foi decisiva para que o repatriado deixasse o local de acolhimento em SP. "Preciso revê-lo. Estou só esperando a liberação para ir ao Rio Grande do Sul e poder visitar ele", desabafou.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895