Chuvas no RS: “O que está ocorrendo aqui é histórico", lamenta prefeito de Barra do Rio Azul

Chuvas no RS: “O que está ocorrendo aqui é histórico", lamenta prefeito de Barra do Rio Azul

Cidade do Norte do RS foi uma das mais atingidas pelo temporal desta sexta-feira

Angélica Silveira, Felipe Faleiro e Rodrigo Thiel

Imagens aéreas mostram a dimensão da enchente em Barra do Rio Azul, no norte do RS

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A chuva desta sexta-feira causou estragos no interior do Rio Grande do Sul, com inundações e moradores retirados de suas residências. Na região Norte do RS, a situação mais crítica foi registrada em Barra do Rio Azul. De acordo com a Defesa Civil Estadual, a primeira remessa de ajuda humanitária já foi encaminhada para a região, com 100 cestas básicas, 100 kits de limpeza e água potável. Em seu Twitter, o governador Eduardo Leite citou estar acompanhando a situação na região e disse que mobilizou equipes para atuarem em Barra do Rio Azul.

No município, uma viatura da Brigada Militar (BM) e um veículo da Prefeitura foram arrastados pela força da enchente. Além disso, ao menos uma residência de madeira foi destruída com a força da água. “O município está dois metros abaixo d’água. Eu mesmo estou ilhado aqui. Abrimos o Ginásio Municipal, mas acredito que a maioria das pessoas vai se abrigar na residência de parentes”, disse o membro da Coordenadoria Municipal da Defesa Civil, Mauro Serraglio. No último dia 13 de outubro, a Prefeitura de Barra do Rio Azul já havia decretado situação de emergência pelos temporais, porém “este foi três vezes pior”, lamenta Serraglio.

Segundo o 13º Batalhão de Polícia Militar (13º BPM), responsável pelo policiamento no município, a viatura estava estacionada em frente à sede da BM em Barra do Rio Azul quando foi arrastada. Nenhum policial ficou ferido, e o veículo ainda não foi localizado. Ele está sendo buscado com auxílio de imagens de drone. “Recebemos informações de onde ela possa estar, mais ainda não houve a confirmação, visto a impossibilidade de chegar no local”, disse o 13º BPM, por meio de nota. À tarde, uma equipe realizou buscas na região da Barragem de Itá, mas não localizaram a viatura da BM.

Conforme o prefeito Marcelo Arruda, que também é presidente da Associação dos Municípios do Alto Uruguai, a chuva levou estragos a todas as 32 cidades região, mas que fazem parte da entidade, mas Barra do Rio Azul foi a mais atingida. “Estamos com o Centro da cidade alagado, mas ao menos conseguimos retirar todas as famílias que vivem à beira do rio e não há feridos ou pessoas que faleceram”, relatou. 

Segundo ele, uma pessoa foi retirada de casa com auxílio do Corpo de Bombeiros. Entre 50 e 60 famílias tiveram suas casas alagadas com a subida do Rio Paloma, que se encontra com o Rio Azul. Durante a manhã, a Prefeitura realizou o levantamento das pessoas que precisaram ser atendidas no Ginásio Municipal, onde receberam o apoio com colchões e alimentação. Segundo Arruda, das 21h de quinta-feira até às 11h de ontem choveu mais de 300 milímetros na cidade. “O que está ocorrendo aqui é histórico. A última cheia parecida com esta ocorreu em 1950”, comparou. Barra do Rio Azul tem 1,8 mil habitantes. Destes, 500 vivem na área urbana. 

Em Barão de Cotegipe o rio também transbordou e alagou o Centro do município. Em Itatiba do Sul, município vizinho que fica em uma região mais alta, não foram registrados estragos com a enchente. Entretanto, o principal transtorno foi o abastecimento de água. Os motores pararam de funcionar na barragem da Corsan onde é feita a captação no rio Paloma. 

Conforme a Defesa Civil Estadual, em Tupanci do Sul, no norte, moradores de áreas de risco foram retirados de residências atingidas. Estradas na região de Erechim também estão bloqueadas. Em Nonoai, segue a situação da queda de barreira em uma via, e em Paulo Bento, houve cheia nos rios Cravo e Erechim, bem como arroios afluentes, conforme a Defesa Civil Estadual. Lavouras de trigo e cevada, além de milho, que já havia sido plantada, alagaram. Cerca de 500 pessoas do interior do município tiveram transtornos com a locomoção.

Situação parecida foi registrada em Iraí. Segundo o prefeito Antônio Vilson Bernardi, o nível do rio do Mel voltou a subir, causando estragos no interior, como danos nas plantações, nas estradas e desmoronamento em cabeceiras de pontes. “Deve ter chovido uns 250 milímetros desde quinta-feira. Até o momento, não tem ninguém fora de casa, e acredito que seguirá assim. De setembro para cá, já são incontáveis as chuvaradas. O excesso de precipitação neste ano está demais”, completou o prefeito Bernardi.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895