Ciclistas e artistas fazem homenagem à venezuelana Julieta Hernández em Porto Alegre

Ciclistas e artistas fazem homenagem à venezuelana Julieta Hernández em Porto Alegre

Mobilização ocorreu em mais de 160 cidades; em Porto Alegre, ato foi no Largo Zumbi dos Palmares

Correio do Povo

Evento mobilizou grupos de ciclismo e artistas de várias cidades gaúchas

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A Bicicletada por Jujuba mobilizou dezenas de ciclistas na noite desta sexta-feira, 12, nas ruas da Cidade Baixa, em Porto Alegre. A concentração foi no Largo Zumbi dos Palmares. Em vários lugares do país, ciclistas se reuniram por uma causa: homenagear a artista venezuelana Julieta Hernández, intérprete da palhaça Jujuba. Ela foi estuprada e morta no Amazonas no dia 23 de dezembro, após se hospedar em uma pensão. O manifesto foi realizado em mais de 160 cidades brasileiras e ocorreu também em cidades da França, Argentina, Portugal, Uruguai e México. No Rio Grande do Sul, as cidades de Pelotas, Viamão, Garibaldi e Gramado também prestaram homenagem.

A pedalada da Capital partiu por volta das 20h. Em seguida, foi realizada uma roda cultural, com palco aberto. O roteiro da pedalada seguiu pelas ruas José do Patrocínio, Venâncio Aires, Érico Veríssimo e João Alfredo, retornado ao Largo.

Cores, músicas e arte. Uma manifestação diferente. Apesar do acontecimento trágico, o evento buscou celebrar a vida de Julieta e pensar sobre a insegurança que acompanha todos os dias as mulheres.

Pedalada por Jujuba - Julieta | Foto: Aline Andreata/Especial CP

Segundo Maia Rubim, integrante do grupo Pedal das Gurias, o evento contou com diferentes coletivos. “De maneira horizontal contando com o apoio de coletivos como Pedal das Gurias, Circo Poa, Fora da Asa, Circo di Só Ladies”. O evento foi divulgado nas redes sociais através da #julietapresente.

A União de Ciclistas do Brasil (UCB), uma organização civil que incentiva o uso de bicicleta no país e o coletivo Mobicicleta, de Ribeirão Preto, São Paulo, publicaram homenagens em seus perfis em uma rede social: “Não se identifica muito com palhaças e artistas de rua? Não é ciclista? Não é mulher? Então trago aqui o sorriso doce da criança que Julieta foi, mas que foi ceifado por um ato bárbaro perpetrado por pessoas más e facilitado por uma sociedade que não ensina o respeito às escolhas individuais de vida que saem do "comum" e não pune severamente as violências relacionadas a gênero. Se foi com Julieta, poderia ter sido com você, sua mãe, sua irmã, namorada, vizinha…”, diz a postagem com uma foto da Julieta ainda criança.

Grimara Oliveira Julião, administradora do grupo de ciclismo pedal Viamão se manifestou sobre a participação dos ciclistas viamonenses: “Julieta escolheu ser livre, pedalar pelo mundo levando suas ideias, divulgando sua arte, mas o mundo não aceita que uma mulher faça isso sozinha, sem a presença de um homem junto. Se estivesse acompanhada "de seu dono" isso teria acontecido? Provavelmente não. Julieta nos representa! Mulheres e homens que acreditam na liberdade, no respeito ao ser humano, independente das escolhas que faça. Não aceitamos e não aceitaremos caladas. A sociedade precisa nos ouvir para, pelo menos, começar a pensar sobre este assunto.”

Amiga de Julieta, a artista de rua Carina Ninow conta que conheceu a artista em 2016 e que já trabalharam juntas. Para ela, o objetivo do ato é lembrar a beleza da arte da amiga “poder discutir conscientemente, concretamente, sobre a segurança da mulher no mundo atual.”

Quem era Julieta?

Julieta Ines Hernández Martinez tinha 38 anos e vivia no Brasil há 8 anos. Julieta fazia parte do grupo de artistas e ciclo-viajantes “Pé Vermei”. Ela estava no Brasil desde 2015 e atuava também como palhaça no Circo di SóLadies. A artista havia saído de bicicleta do Rio de Janeiro e planejava chegar a Puerto Ordaz.

No trajeto, dormia em casas de outros artistas ou pousadas. Em Presidente Figueiredo, ela procurou algumas pousadas, mas estavam lotadas. A artista acabou se acomodando no local precário onde foi morta. O caso ganhou repercussão quando seu corpo foi encontrado no sábado (6). Julieta estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro do ano passado e teria sido Conhecida como Miss Jujuba, a artista de 38 anos foi estuprada e morta por um casal.


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