Ciclone extratropical: alagamento causa transtorno a moradores da Ilha da Pintada

Ciclone extratropical: alagamento causa transtorno a moradores da Ilha da Pintada

Trecho da rua Nossa Senhora da Boa Viagem, no bairro Arquipélago, está tomado pelas águas do Jacuí

Felipe Samuel

No bairro Arquipélago, na Ilha da Pintada, moradores convivem com alagamentos

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Três dias após a atuação de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, a população da região das ilhas de Porto Alegre ainda sente os efeitos das chuvas e da elevação do Jacuí. Na Ilha da Pintada, moradores e comerciantes convivem com alagamento em um trecho da rua Nossa Senhora da Boa Viagem, no bairro Arquipélago. Como parte da via segue tomada pelas águas, a solução é buscar um filete da calçada que não foi atingida pelas águas ou colocar botas e encarar o alagamento.

Acostumados com as cheias, moradores têm expectativa de que nos próximos dias o rio volte para o seu volume normal. Proprietário de um bar, Carlos José Aldes dos Santos relata que as águas chegaram até a entrada do estabelecimento, sem afetar o interior do local. Há quase 40 anos trabalhando no comércio, Santos afirma estar habituado às cheias, mas reconhece que os efeitos dos fenômenos climáticos afetam as vendas, uma vez que o acesso até o bar fica prejudicado. “Para tudo, fica complicado”, observa. “É sempre a mesma coisa, mas a enchente de 2015 foi pior. A água chegou até metade da parede”, lembra.

O soldador Gerri Adriani da Silva, que reside na região do Arquipélago, diz que a passagem de ciclones sempre causa transtornos. A água invadiu parte dos fundos do pátio da casa, mas não chegou a entrar na residência. “Nessa época é difícil não ter enchente. É raro não ter enchente”, destaca. Silva afirma que o maior problema enfrentado nos últimos anos foi justamente a enchente de 2015. “Naquele ano as águas atingiram o tamanho de um botijão de gás aqui em casa. Desta vez a água não entrou em casa”, afirma.

Na Ilha dos Marinheiros, os moradores começavam a retomar a vida normal. Apesar do barro e de vários trechos com buraco nas vias que dão acesso à região, a região apresentava poucos pontos com água acumulada. Muita gente aproveitou o domingo de sol e tempo firme para limpar a casa e estender roupas. A Defesa Civil de Porto Alegre informa que o nível do Guaíba está em declínio, apesar de muita água estar descendo das outras regiões.

Devido a elevação do nível do Rio dos Sinos, que chegou a 2,80 metros ao meio-dia, as águas invadiram pátios das residências na Praia do Paquetá. Três dias após a passagem do ciclone, muitas casas estavam ilhadas por conta do volume de água do rio acima do normal. Por conta dos ventos fortes que atingiram a região durante a passagem do ciclone extratropical, o pescador Cristiano André Pastoriza relata as águas chegaram até a escada da sua casa, que foi construída acima do nível do rio. 

De acordo com Pastoriza, durante a madrugada de domingo as águas chegaram a baixar um pouco, mas pela manhã voltaram a subir de novo. “E pode piorar a situação. Tudo depende do vento sul, se vier vento sul sobe tudo de novo”, explica. Emília Alves de Oliveira mora há 16 anos na região. Ontem, para abrir o portão de casa e colocar o veículo na garagem, ela precisou enfrentar a água acumulada que chegava na canela. “A nossa casa é alta, mas para as pessoas que têm casa mais baixa é horrível. O acesso da nossa rua tinham que arrumar. É complicado para as crianças se deslocar até o colégio”, afirma. 

O presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Praia do Paquetá, Paulo Denilto, avalia que a passagem do ciclone teve impacto reduzido na região. “A gente está sempre monitorando a situação do rio”, destaca. “Acredito que na segunda-feira o nível do rio já deve estar normalizado”, completa.

 


Correio do Povo
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