Ciclone extratropical: alagamento causa transtorno a moradores da Ilha da Pintada
Trecho da rua Nossa Senhora da Boa Viagem, no bairro Arquipélago, está tomado pelas águas do Jacuí
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Três dias após a atuação de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, a população da região das ilhas de Porto Alegre ainda sente os efeitos das chuvas e da elevação do Jacuí. Na Ilha da Pintada, moradores e comerciantes convivem com alagamento em um trecho da rua Nossa Senhora da Boa Viagem, no bairro Arquipélago. Como parte da via segue tomada pelas águas, a solução é buscar um filete da calçada que não foi atingida pelas águas ou colocar botas e encarar o alagamento.
Acostumados com as cheias, moradores têm expectativa de que nos próximos dias o rio volte para o seu volume normal. Proprietário de um bar, Carlos José Aldes dos Santos relata que as águas chegaram até a entrada do estabelecimento, sem afetar o interior do local. Há quase 40 anos trabalhando no comércio, Santos afirma estar habituado às cheias, mas reconhece que os efeitos dos fenômenos climáticos afetam as vendas, uma vez que o acesso até o bar fica prejudicado. “Para tudo, fica complicado”, observa. “É sempre a mesma coisa, mas a enchente de 2015 foi pior. A água chegou até metade da parede”, lembra.
O soldador Gerri Adriani da Silva, que reside na região do Arquipélago, diz que a passagem de ciclones sempre causa transtornos. A água invadiu parte dos fundos do pátio da casa, mas não chegou a entrar na residência. “Nessa época é difícil não ter enchente. É raro não ter enchente”, destaca. Silva afirma que o maior problema enfrentado nos últimos anos foi justamente a enchente de 2015. “Naquele ano as águas atingiram o tamanho de um botijão de gás aqui em casa. Desta vez a água não entrou em casa”, afirma.
Na Ilha dos Marinheiros, os moradores começavam a retomar a vida normal. Apesar do barro e de vários trechos com buraco nas vias que dão acesso à região, a região apresentava poucos pontos com água acumulada. Muita gente aproveitou o domingo de sol e tempo firme para limpar a casa e estender roupas. A Defesa Civil de Porto Alegre informa que o nível do Guaíba está em declínio, apesar de muita água estar descendo das outras regiões.
Devido a elevação do nível do Rio dos Sinos, que chegou a 2,80 metros ao meio-dia, as águas invadiram pátios das residências na Praia do Paquetá. Três dias após a passagem do ciclone, muitas casas estavam ilhadas por conta do volume de água do rio acima do normal. Por conta dos ventos fortes que atingiram a região durante a passagem do ciclone extratropical, o pescador Cristiano André Pastoriza relata as águas chegaram até a escada da sua casa, que foi construída acima do nível do rio.
De acordo com Pastoriza, durante a madrugada de domingo as águas chegaram a baixar um pouco, mas pela manhã voltaram a subir de novo. “E pode piorar a situação. Tudo depende do vento sul, se vier vento sul sobe tudo de novo”, explica. Emília Alves de Oliveira mora há 16 anos na região. Ontem, para abrir o portão de casa e colocar o veículo na garagem, ela precisou enfrentar a água acumulada que chegava na canela. “A nossa casa é alta, mas para as pessoas que têm casa mais baixa é horrível. O acesso da nossa rua tinham que arrumar. É complicado para as crianças se deslocar até o colégio”, afirma.
O presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Praia do Paquetá, Paulo Denilto, avalia que a passagem do ciclone teve impacto reduzido na região. “A gente está sempre monitorando a situação do rio”, destaca. “Acredito que na segunda-feira o nível do rio já deve estar normalizado”, completa.