Clubes privados de Porto Alegre vivem diferentes realidades após a pandemia

Clubes privados de Porto Alegre vivem diferentes realidades após a pandemia

Estabelecimentos de lazer buscam retomar protagonismo para atrair públicos

Felipe Faleiro

Sogipa é um dos locais que apresenta superávit em Porto Alegre

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Os clubes privados de Porto Alegre vivem um novo momento após a pandemia da Covid-19. Vistos de maneira geral como símbolos de exclusividade e sofisticação, eles hoje estão, em tese, menores do que há dez anos, conforme os gestores. As causas incluem uma nova situação econômica, em que o poder de compra da população foi reduzido, mas também houve certa responsabilidade dos próprios estabelecimentos.

Aos que permaneceram sólidos, o segredo é diversificar as atividades durante todo o ano. A temporada de piscinas nestes locais para o atual veraneio já iniciou, e o público tem comparecido. “Os clubes que estavam na ativa não apenas abriram, como melhoraram seus equipamentos e as condições para oferecer aos associados mais conforto e qualidade”, afirmou a presidente do Sindicato dos Clubes Esportivos do Estado do Rio Grande do Sul (Sincergs), Maria da Conceição Nogueira Pires.

“Por um lado, a pandemia foi ruim, em razão dos protocolos terem sido prejudiciais aos clubes, que foram os últimos setores a reabrir”, acrescentou. A Sogipa, por exemplo, um dos que se mantiveram relativamente estáveis, é superavitário, informou a assessoria de Comunicação do local, e o número de sócios só cresce. O complexo inaugurou mais uma piscina neste ano e tem como foco os esportes olímpicos, nos quais com frequência se destaca no cenário nacional e internacional.

Outros, como o Grêmio Náutico União e a Associação Leopoldina Juvenil, foram pelo mesmo caminho e se mantêm relevantes neste cenário, assim como clubes de especialidade náutica. Ela cita, como exemplos, a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), o Clube do Professor Gaúcho (CPG), o Clube do Comércio Porto Alegre e o Caixeiros Viajantes. Já outros não tiveram a mesma sorte, e, assim, sucumbiram à realidade econômica.

Abandono

“Geralmente, são aqueles que resistiram em permanecer como clubes sociais apenas, ou que não focaram no esporte de alto rendimento”, opina Maria. Em outubro deste ano, ocorreu o leilão de parte da antiga estrutura do Teresópolis Tênis Clube, na avenida Ludolfo Bohel, bairro Teresópolis. O local está até hoje na memória afetiva dos moradores por sediar um dos maiores carnavais de salão de Porto Alegre, bem como reuniões para definir a passagem da 3ª Perimetral pela região.

Endividado, o TTC suspendeu todas as suas atividades esportivas, de lazer e administrativas em fevereiro de 2021, em meio a pandemia, e, após isto, foi abandonado. O valor inicial de leilão dos 2,9 mil metros quadrados foi de R$ 2,9 milhões. O mercado de trabalho para os clubes está igualmente complicado, afirma a presidente do Sincergs, em razão de eles serem empresas “diferente das demais”, na qual não há trabalhadores específicos, e de forma geral com pouca noção do tipo de trabalho realizado nestes estabelecimentos.

“Estamos organizando um curso de gestão para o trabalho em clubes, para que possa haver uma melhor qualificação destas pessoas”, comenta ela, acrescentando que não há um sentimento de concorrência entre eles, que buscam se sustentar em conjunto. O aproveitamento desta expertise e a busca pela diferenciação ocorrem, conforme os gestores, porque há o sentimento de que os gastos recorrentes com lazer são mais facilmente subtraídos do orçamento familiar ao primeiro sinal de dificuldades financeiras. “Os clubes que estão melhores ajudam os que estão em dificuldades, e isto é importante para fortalecer o segmento como um todo. O importante é que cada um consegue seguir com sua especialidade, e um aproveita a experiência do outro”, afirma ela.


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