Coceira e vermelhidão: mais de 200 pessoas são atendidas com dermatite alérgica na Ilha da Pintada

Coceira e vermelhidão: mais de 200 pessoas são atendidas com dermatite alérgica na Ilha da Pintada

Doença é causada pelo contato com mariposa do gênero Hylesia

Felipe Samuel

Auxiliar de serviços gerais ficou com o corpo tomado por coceira e vermelhidão

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O crescimento dos casos de dermatite alérgica causada pelo contato com mariposa do gênero Hylesia, na Ilha da Pintada, especialmente na região do Arquipélago, vem chamando atenção da população. Por conta da infestação na região, desde o início da semana a unidade de saúde Ilha da Pintada, localizada na avenida Presidente Vargas, registra aumento de atendimentos de usuários com coceira e vermelhidão no corpo.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que mais de 200 pessoas foram atendidas na unidade de saúde desde segunda-feira. Após sentir coceira nas costas, a auxiliar de serviços gerais Márcia Andréa da Cunha Miranda, 54, procurou nesta quinta-feira a unidade de saúde da Ilha da Pintada. “Na quarta-feira, estava em casa quando de repente comecei a sentir algo se mexendo nas costas. Achei que era uma formiga, mas senti que caminhava. Tirei a blusa e a mariposa voou no chão. Estava com asas abertas e a lagarta. Fiquei ruim”, relata. Em função da coceira no corpo, Márcia passou a noite em claro.

“Passei a noite toda me coçando, minuto a minuto. Quando amanheceu vi que estava tomada na barriga, nas costas, nos braços, nas pernas”, relata. Ao ser atendida no posto médico, retornou para casa com um antialérgico e uma pomada para passar no corpo. É uma coceira irritante, parece que a roupa está cheia de espinhos. A recomendação é tomar banho com sabão neutro e passar pomada nas lesões”, ensina. Por conta do quadro clínico, ela vai ficar afastada do trabalho por três dias.

Com coceira por todo o corpo, o segurança Leonardo Silva também decidiu buscar atendimento médico nesta quinta-feira. “Faz uma semana que tenho coceira, irritação e desconforto”, afirma. Morador da Ilha da Pintada, ele ouviu relatos de que outras pessoas também apresentam os mesmos sintomas. “A vizinhança disse que poderia ser por causa da mariposa. Acho que 70% das pessoas estão com isso”, explica.

O recrudescimento dos casos obrigou o cancelamento das aulas, na segunda e terça-feira, nas escolas Almirante Barroso e Maria José Mabilde. O diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria José Mabilde, Daniel Pereira de Carvalho, sofreu com a ação dos insetos. E apresentava marcas de coceira no pescoço e nos braços. A escola, que tem 148 alunos, retomou as aulas nesta quinta-feira, após passar por dedetização. “O posto de saúde ficou lotado”, relata.

Conforme Carvalho, dezenas de alunos relataram sintomas de coceira entre familiares. “Para a criança é pior, porque não têm controle para evitar de coçar. E por isso abrem feridas, o que só piora”, avalia. O gerente da Unidade de Vigilância Ambiental, Alex Lamas, explica que uma equipe da Vigilância Sanitária foi até a região na quarta-feira para avaliar a evolução dos casos atendidos na unidade de saúde. 

“Começaram na quinta-feira passada e teve grande procura na segunda-feira. Ao mesmo tempo a gente foi coletar espécies para identificação e verificar como estava a concentração, a dispersão Hylesia na ilha”, destaca. Ele alerta que os pontos com maior concentração estão localizado perto da Colônia de Pescadores e da escola Barroso. Mesmo diante desse cenário, a prefeitura confirma o lançamento da 243ª Feira do Peixe de Porto Alegre neste domingo, na Colônia Z5 dos Pescadores, na avenida Nossa Senhora da Boa Viagem. 

A programação envolve, entre outras coisas, concurso de pesca infantil, feira de quitutes e artesanato local e desfile das candidatas à rainha da Feira do Peixe, além de shows culturais. A SMS informa que os sintomas podem ser causados pelo contato do animal com a pele humana. De maneira geral, somente na forma larval – quando o animal está na fase de lagarta - é capaz de produzir efeitos sobre o organismo; as demais (pupa, ovo e adulto) são inofensivas. 

As mariposas fêmeas adultas do gênero Hylesia (Saturniidae) apresentam cerdas no abdômen e estas, em contato com a pele, podem causar dermatite papulopruriginosa. A SMS informa ainda que a espécie tem hábitos crepusculares, em particular no final da tarde, e na fase de lagarta os acidentes são mais comuns. Os animais habitam matas ou locais com grande cobertura vegetal e são atraídas pela luz. Os acidentes com os animais adultos ocorrem no final do verão e início do outono. 

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895