Com chuva escassa, rios da Região Metropolitana registram volumes abaixo de 1 metro

Com chuva escassa, rios da Região Metropolitana registram volumes abaixo de 1 metro

Ao menos metade dos municípios gaúchos já decretaram situação de emergência em razão da estiagem

Felipe Faleiro

Praia de Sans Souci, em Eldorado do Sul, apresenta bancos de areia onde deveria haver água corrente

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Os níveis dos principais rios da Região Metropolitana de Porto Alegre seguem nesta sexta-feira em valores baixos, em razão das altas temperaturas dos últimos dias. O cenário prejudica a captação e o abastecimento de água, fazendo com que novos municípios decretem situação de emergência. Na manhã de hoje, o rio Gravataí marcou 1,33 metro na medição da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) no Balneário Passo das Canoas, em Gravataí. 

Em Alvorada, a medição da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Corsan marcava 1,43 metro. A régua da Agência Nacional de Águas (ANA) no rio dos Sinos, no Centro de São Leopoldo, marcava 74 centímetros. No Guaíba, a marca da régua do Cais Mauá, no Centro Histórico de Porto Alegre, alcançou 51 centímetros. Hoje, no final da manhã, o número de cidades do Rio Grande do Sul com protocolos ativos de situação de emergência  junto ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD) alcançou 243, ou seja, quase metade dos municípios gaúchos.

O Guaíba também banha Eldorado do Sul, onde vive o pescador Lair Francisco dos Santos Batalha, 75 anos. Leitor assíduo, o morador da praia de Sans Souci também é especialista na limpeza de peixes, recebendo exemplares de diversos locais da região e do Estado. Com eles, Lair produz o conhecido peixe na taquara. “O rio está bem baixo, mas já esteve mais neste ano”, comentou ele. 

Apontando para um ponto distante na Ilha das Pombas, no meio do caminho a Porto Alegre, diz que é possível cruzar o curso d’água a pé. “Só teria que cuidar com o lodo no fundo”, adverte. Outro dos principais problemas do rio mais baixo em alguns metros é o maior gasto de combustível para os barcos a motor, já que os pescadores precisam andar mais alguns quilômetros rumo ao Sul para buscar a profundidade adequada ao trabalho. 

Com o final da piracema e a permissão da pesca de redes desde a última quarta-feira, Lair e os parceiros de rio têm novamente a esperança de coletar os conhecidos exemplares de traíra, jundiá, pintado, biru, papa-terra, entre outros. Enquanto isso, crianças brincam em meio aos barcos pisando em bancos de areia, onde deveria haver água corrente. Apesar da baixa no Guaíba, Eldorado do Sul não decretou situação de emergência.


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