Começa trabalho de limpeza da lama após enchente nas ilhas de Porto Alegre

Começa trabalho de limpeza da lama após enchente nas ilhas de Porto Alegre

Há pontos do Arquipélago em que água ainda não baixou, mesmo uma semana após tormenta

Felipe Faleiro

Trabalhos vão prosseguir enquanto houver resíduos nas vias, afirma Cootravipa

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Funcionários da Cootravipa trabalhavam ontem na região das ilhas, em Porto Alegre, buscando limpar a lama das ruas atingidas pela enchente que elevou o nível do Guaíba desde a semana passada. Na rua Nossa Senhora da Boa Viagem, na ilha da Pintada, a água havia descido na terça-feira pela manhã da área próxima à sede da Colônia de Pescadores Z-5, permitindo a passagem do caminhão que coleta os resíduos e o barro nas vias.

O mesmo não ocorreu mais ao sul na mesma via, mesmo uma semana depois da chuva que causou transtornos na Capital, como remoção de pessoas para abrigos, onde ainda havia ontem pontos com água, requerendo atenção por parte dos motoristas. Nestes locais, o trabalho das equipes demandadas pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) somente deverá começar após a baixa das águas.

Conforme a coordenação da empresa, por volta de 40 garis foram deslocados para a execução do serviço em todo o Arquipélago, das 8h às 17h. Na segunda-feira, o titular da SMSUrb, Marcos Felipi Garcia, representantes do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e da subprefeitura local haviam vistoriado a região. “É importante que a limpeza seja feita rapidamente quando acontece esse tipo de evento climático para garantir a saúde da população que vive nesses locais”, apontou ele.

Na Ilha Grande dos Marinheiros, os moradores estão em suas casas, embora a lama seja recorrente, e o Guaíba tenha subido novamente. De acordo com os dados da Rede Hidrometeorológica Nacional, da Agência Nacional de Águas (ANA), houve um salto de dez centímetros no nível do curso d’água, de 1,95 metro para 2,05 metros, em apenas uma hora, na noite de segunda-feira, redobrando o alerta. O vento sul, que impede a água de seguir para a Lagoa dos Patos, agravou a situação. 

“A água não voltou para as ruas das ilhas porque grande parte da correnteza já havia descido, mesmo com esta ventania”, explicou o presidente da Z-5, Gilmar da Silva Coelho. Na Ilha das Flores, em uma área ocupada por pessoas em situação de vulnerabilidade social, a enchente fez com que os moradores, que vivem em casas com pouquíssima infraestrutura e onde a água já subiu, construíssem trapiches improvisados para se deslocar das residências até a via lateral à BR 116. “Acontece todo ano isto aqui, até dezembro. Recebemos poucas doações da comunidade, mas a gente pensa mesmo em sair daqui”, relatou a catadora e habitante da ilha Carmem Antônia da Silva.


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