Comissão da Câmara discute melhorias no atendimento da rede de saúde de Porto Alegre

Comissão da Câmara discute melhorias no atendimento da rede de saúde de Porto Alegre

Falta de especialistas e longas filas de espera para atendimento são as principais queixas dos usuários

Felipe Samuel

Cosmam discutiu problemas enfrentados pela população no atendimento da rede pública de saúde

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Após receber reclamações de usuários da rede pública de saúde, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) se reuniu nesta terça-feira com representantes de instituições privadas que assumiram a gestão da Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre. Entre as principais queixas apresentadas aos vereadores estão a falta de especialistas e as longas filas de espera para atendimento. Atualmente, 116 unidades de saúde são parceirizadas na Capital, de um total de 132.

O presidente da Cosmam, José Freitas (Republicanos), destacou que os vereadores recebem reclamação dos serviços das terceirizadas. “A gente tem visto reclamação principalmente em relação a filas. São filas enormes principalmente quando se trata de especialista. Por exemplo, para atendimento em ortopedia são milhares de pessoas na fila. Nossa ideia é discutir, ver o que é necessário e o que está precisando. Como a maioria dos postos está sendo terceirizada, que venham a ter bom atendimento”, afirmou.

Outro problema relatado durante a reunião é a demora na reposição de profissionais de saúde. “Essa transição para chamar outro médico é demorada. E vai prejudicar a pessoa que precisa do especialista, do médico, por causa da demora na transição da troca de médico”, ressaltou. “As próprias empresas têm que agilizar essa questão, desburocratizar a questão da contratação, que está demorando, e pagar melhor também. Porque tem que ser uma oferta atrativa, pois do contrário não vêm”, completou.

Representante do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre (CMS/POA), Waldir José Bohn Gass criticou a terceirização da saúde. “Tomou conta de praticamente a totalidade da atenção básica e de vários outros serviços. Nossa posição é contrária a isso. Enquanto existir esse modo de prestação de serviço na cidade, o CMS vai manter seu papel de participar, controlar e fiscalizar para que a prestação de serviços, que fica sempre sob responsabilidade do gestor, seja da melhor forma possível”, pontuou.

Bohn Gass afirmou que as terceirizações provocaram rotatividade dos trabalhadores, uma vez que não permanecem por muito tempo nas unidades de saúde. “Nossa convicção é de que o caminho da parceirização não ajuda a criar as melhores condições de atendimento de saúde da população”, ressaltou. A diretora de Atenção Primária da SMS, Vânia Frantz, explicou que entre as demandas apresentadas estão a vinculação de profissionais às equipes de saúde, andamento das filas de especialidades e a qualidade do atendimento em geral, além de maior número de agentes comunitários em saúde.

“Temos a intenção de aumentar o número de agentes comunitários, mas isso é um passo que estamos iniciando. A vinculação dos médicos a gente vem trabalhando. Hoje, na maioria das nossas equipes, não enfrentamos problemas de profissionais. Quando há algum pedido de demissão ou alguma demissão, as empresas parceiras têm feito reposição no tempo previsto de colaboração, que é de 30 dias no máximo, mas nunca chega a esse tempo”, garantiu.


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