Comunidade surda recebe nova Central de Intérpretes em Porto Alegre

Comunidade surda recebe nova Central de Intérpretes em Porto Alegre

Serviço terá quatro intérpretes e, por enquanto, funcionará de forma virtual

Felipe Faleiro

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Foi inaugurada, na manhã desta sexta-feira, em Porto Alegre, a Central de Intérpretes, desenvolvida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) e Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos no RS (Feneis), a partir de um projeto de lei do vereador José Freitas. O ato ocorreu na sede da Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul (SSRS), bairro Jardim Botânico, porém a base da central funciona no escritório da Feneis, na travessa Engenheiro Acilino de Carvalho, 21, 8º andar, no Centro Histórico. Autoridades diversas estiveram presentes.

A central tem quatro intérpretes, e pode ser acionada, em um primeiro momento, apenas de forma virtual, a partir da consulta médica de uma pessoa com deficiência auditiva em um posto de saúde da Capital. A partir da solicitação, será feito o contato por videochamada e o intérprete disponível fará a tradução entre eventuais paciente e médico. Ela funciona de segunda a sexta-feira em horário comercial. Segundo Freitas, o Censo de 2010 apontava 80 mil surdos na Capital, e suas demandas nem sempre eram plenamente atendidas.

“Queremos que este modelo sirva para todo o Estado e país. O número de pessoas com deficiência auditiva é muito alto, e fomos procurados por esta comunidade ainda em 2016 para que elas pudessem ter acesso ao serviço público e principalmente à saúde. A central vem ao encontro das necessidades desta sociedade de cada vez serem mais incluídas”, pontuou o vereador. Ainda conforme ele, o próximo passo é distribuir em todos os postos e hospitais um cartaz que automaticamente abre um chamado com a plataforma.

Diego Silva, diretor-geral da Feneis, sinalizou em Língua Brasileira de Sinais que tem duas filhas ouvintes, mas ele e sua esposa são surdos. “Como vamos chegar em um atendimento médico e pedir que ele seja oferecido a elas? Pode ser que o médico erre alguma medicação por falta de uma comunicação efetiva. Então, esta Central de Intérpretes tem muita valia para nós, porque nos garante um direito básico, quebrando todas as barreiras impostas à comunidade surda”, comentou. Ainda segundo ele, há projetos similares em andamento para serem instalados em cidades como Novo Hamburgo, Viamão, São Leopoldo, entre outros.

A central de Porto Alegre é a segunda do Rio Grande do Sul, e a pioneira foi instalada em Alvorada. O titular da SMDS, Léo Voigt, disse que o serviço tem custo mínimo para o município, e a gerência do local será feita pela Feneis, que venceu o edital para execução do mesmo. “A tecnologia para isto está totalmente disseminada, e, em breve, a central se tornará algo universal. O único problema poderá ser a sobrecarga de atendimentos, mas acreditamos que isto será pouco provável”, disse ele.


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