Concorrência emergencial apresenta novidades para a coleta de lixo por contêineres em Porto Alegre

Concorrência emergencial apresenta novidades para a coleta de lixo por contêineres em Porto Alegre

Após série de problemas com consórcio atual, prefeitura anunciou que receberá novas propostas

Kyane Sutelo

Problema de contêineres transbordando na Capital foi registrado em bairros como o Menino Deus, por diversas vezes.

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A prefeitura anunciou a concorrência emergencial para atender a coleta automatizada de lixo em Porto Alegre. A abertura de dispensa eletrônica, utilizada para contratações sem licitação, foi publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial de Porto Alegre e prevê mudanças. “A ideia dessa nova modelagem é trazer mais competitividade para a disputa, pelo edital que a gente lançou, e também ter uma coleta mais eficiente”, afirmou o secretário municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), Marcos Felipi Garcia.

Entre as mudanças previstas estão o formato dos caminhões utilizados e o serviço dos garis, tornando a operação menos automatizada. Conforme o secretário, os caminhões terão abertura na traseira e os garis irão levar os contêineres até o veículo, para que a parte mecanizada recolha o lixo. “Terão garis para ajudar no deslocamento do conteiner e no recolhimento do material que fica no entorno”, detalhou o secretário.

Os contêineres serão feitos de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) e terão tamanho menor do que os atuais, por isso, haverá aumento na quantidade de recipientes nas ruas, de 2,5 mil para 6 mil. “Nesse modelo a gente espera que apareçam mais empresas para entregar no menor tempo menor quantidade”, afirmou Garcia. As propostas serão abertas em 3 de julho. O contrato será válido por 180 dias e, após, o serviço deve ser licitado.

Para a licitação, novas mudanças estão previstas. “Agora a gente vai trabalhar nisso. Aí a gente pode botar contêiners mais modernos, alguma coisa mais inovadora”, antecipou. Garcia ainda disse que a prefeitura lançará a coleta de recicláveis por contêineres, que havia sido adiada. Com espaços pequenos para descarte, pretendem evitar a entrada de catadores.

Consórcio diz que problemas também são da prefeitura

Em relação à deficiência na coleta automatizada, o consórcio Porto Alegre Limpa afirmou, em nota, que “não tem medido esforços para solucionar problemas enfrentados”. No entanto, o consórcio diz que parte das complicações se devem à uma marca específica de caminhões. “Como a prefeitura indica em um edital de licitação um equipamento inadequado?”, questiona o texto.

O secretário da SMSUrb afirmou que o DMLU sugere diversos fornecedores de coleta lateral. “O departamento indicou várias especificações de caminhões, então, não tinha um caminhão específico”, disse. Garcia ainda questionou o motivo de empresas que já operaram o serviço na Capital  não terem tido problemas com este caminhão. 

A nota do Porto Alegre Limpa também questiona “rotas, horários, números de contêineres e sua localização”, que o texto indica serem atribuições da prefeitura, conforme contrato. “Seguimos o que o setor responsável determina, embora o Consórcio entenda que é necessário ampliar o número de contêineres”, diz.

Garcia rebate argumentando que não haveria problema se os caminhões estivessem em pleno funcionamento. “Com as antigas empresas, e até com eles mesmos, quando não tinham falhas no caminhões, a coleta funcionava normalmente”, disse o secretário. E complementa: “Isso prova que, com a quantidade de caminhões que a prefeitura determinou, a coleta é feita de forma efetiva”, avaliou ele.

O consórcio ainda  destaca que, até o momento, foi notificado apenas sobre uma “intenção de rescisão contratual” por parte da prefeitura e apresentou defesa prévia, ainda sem   retorno do Executivo municipal. “Parece estranho que, mesmo sem ter ocorrido todo o devido processo legal, o poder público já tenha uma decisão tomada”, diz o texto.

O secretário afirma que estão “analisando” a defesa e que devem publicar em breve a decisão final. “A cotação é  um mecanismo de segurança da prefeitura para que não fique sem coleta de lixo”, elucidou Garcia.

Confira a íntegra da nota do Consórcio Porto Alegre Limpa

"Desde que assumiu a prestação do serviço de coleta automatizada em Porto Alegre, em setembro de 2022, o Consórcio Porto Alegre Limpa, por ter total respeito aos cidadãos que vivem na cidade, ao poder público e ao contrato vigente (portanto às leis), não tem medido esforços para solucionar problemas enfrentados. Eles existem, jamais negamos. E sempre existirão, afinal não é um serviço simples de ser realizado e seu sucesso depende de múltiplos fatores, que nem sempre estão sob controle daquele que realiza o serviço. Mas é fato (e por isso precisa ser pontuado) que os problemas não iniciaram quando da assinatura do contrato.

O primeiro ponto relevante está no processo licitatório. A prefeitura de Porto Alegre, responsável pelo edital, determinou, no edital, quais caminhões poderiam executar o serviço. Um desses caminhões, no entanto, no decorrer da operação, mostrou-se incapaz de realizar o serviço. Com a quebra recorrente dos caminhões da marca LAVRITTA, esse indicado no edital e comprovadamente inadequado, houve muitas paralisações para manutenção. Em função disso, o Consórcio, às suas expensas, iniciou um processo de renovação da frota. Uma pergunta que ainda sem resposta é: como a prefeitura indica em um edital de licitação um equipamento inadequado?

Outro ponto essencial são as rotas, horários, números de contêineres e sua localização. Tudo isso, segundo o edital e contrato vigente, é responsabilidade da prefeitura. Não cabe ao Consórcio mudanças ou melhorias. Seguimos o que o setor responsável determina, embora o Consórcio entenda que é necessário ampliar o número de contêineres.

Chama a atenção, ainda, que fotos de contêineres supostamente lotados, mostram uma realidade ignorada por parte da imprensa e do poder público: o descarte irregular de resíduos. Sofás, colchões, caixas de madeira, entulhos, caixas de madeira, vidros, e outros materiais são, corriqueiramente, depositados nos contêineres e nos seu entorno. Faltam campanhas educativas e de conscientização sobre o descarte de resíduos. Se o número de contêineres já se mostra defasado diante da necessidade da cidade, com o uso inadequado e irregular, essa situação se agrava ainda mais.

Com o descarte irregular, outo problema se amplia: catadores entram nos contêineres em busca de material reciclável. Materiais que não poderiam estar dentro ou no entorno dos contêineres. O edital, é preciso salientar, prevê a coleta automatizada. O que está descartado fora ou no entorno, não pode ser coletado pelo Consórcio.

Quanto à INTENÇÃO de rescisão contratual, o Consórcio foi notificado, apresentou defesa prévia e até o momento não teve nenhum retorno do poder público. O que há, segundo ata de reunião entre os envolvidos, foi manifestada a intensão de rescisão. Esse é um processo que envolve prestação de informações, defesa, entre outros. Parece estranho que, mesmo sem ter ocorrido todo o devido processo legal, o poder público já tenha uma decisão tomada.  uma antecipação de julgamento.

O problema existe? Sim. Ele é responsabilidade exclusiva do Consórcio, não. Isso precisa ficar muito claro, sob pena de decisões açodadas serem tomadas e o preço cair, mais uma vez, nas costas do cidadão.

Diante de tudo isso, o Consórcio Porto Alegre Limpa recebeu com surpresa a manifestação do prefeito da capital gaúcha, Sebastião Melo, que, segundo a imprensa, teria dito: “essa empresa não merece mais o meu respeito”. Não respeitar uma empresa que cumpre o que está contratualizado causa, ainda, estranheza. Ainda mais quando o Consórcio sempre se mostrou aberto ao diálogo e atendeu ao exigido.

Reforçamos nosso total respeito às leis, ao contrato vigente, ao poder público e, sobretudo, ao cidadão, que é o maior interessado em ter sua cidade limpa e bem cuidada."


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895