"Conquistamos nossas coisinhas e perdemos tudo", lamenta casal à espera de um bebê em General Câmara

"Conquistamos nossas coisinhas e perdemos tudo", lamenta casal à espera de um bebê em General Câmara

Moradores da comunidade quilombola perderam todo o enxoval na enchente provocada pelo rio Taquari, em General Câmara

Paula Maia

Moradores da comunidade quilombola perderam todo o enxoval na enchente provocada pelo rio Taquari, em General Câmara

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Ana Paula de Salles, uma residente de 24 anos da comunidade Quilombola, na localidade de Potrero, em General Câmara, compartilhou sua angústia ao perder seus pertences devido ao alagamento na sua casa. 

"É uma tristeza. Conquistamos as nossas coisinhas e perdemos tudo. Nunca imaginei que iria perder tudo", lamentou. Grávida de sete meses, ela divide uma casa de um único cômodo com seu marido, Lucas de Quadros, de 23 anos. Ela conseguiu resgatar apenas seus documentos e se questionava como faria para conseguir novamente o enxoval do bebê.

O casal optou por não deixar a comunidade apesar do alagamento, que começou na manhã da quarta-feira. Eles passaram a noite na casa de um vizinho que estava em terreno um pouco mais alto. 

José da Rosa, sogro de Ana Paula e morador da casa ao lado, também compartilhou a tristeza de ver a destruição causada pela inundação.

O prefeito, Helton Barreto, suspeita que as águas do rio Taquari tenham subido cerca de três quilômetros até atingir a comunidade. Na terça-feira pela manhã ele visitou o local, que só está acessível de barco. A água atingiu mais de dois metros de altura e percorreu mais de um quilômetro antes de chegar ao início da estrada de acesso à comunidade Quilombola.

Barreto agradeceu a solidariedade da comunidade, que fez doações de móveis, alimentos, produtos de higiene, roupas e outros itens que serão distribuídos para as pessoas necessitadas. 

Segundo o gestor, aproximadamente 100 agricultores rurais foram prejudicados pela inundação, que pode ter afetado mais de cinco mil hectares. O município está tomando as medidas necessárias para declarar situação de emergência.

Além da comunidade Quilombola, cerca de 50 famílias, na Volta dos Freitas, ainda estão ilhadas. Outras 15 famílias, que continuaram em suas casas, no Macegal, esperam o nível do rio baixar para poder fazer o levantamento das perdas.

A Defesa Civil do município está prestando apoio e encaminhado as pessoas para casa de parentes ou para o um ginásio. Para as famílias que decidem permanecer nas residências, é disponibilizado materiais de higiene e água.

O Corpo de Bombeiros Voluntários de General Câmara também está atuando no resgate das famílias e no encaminhamento para os abrigos ou casas de parentes.


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