Corpo clínico discute os próximos passos da terapia com Célula CAR-T no tratamento do câncer

Corpo clínico discute os próximos passos da terapia com Célula CAR-T no tratamento do câncer

O procedimento já revoluciona o campo dos cânceres hematológicos e abre novas possibilidades

Paula Maia

Um dos pontos discutidos na reunião foi a produção de CAR-T no Brasil

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O renomado médico e pesquisador das Células T com Receptor Antígeno Quimérico (CAR-T) Dr. Renato Cunha, líder de Car-T no Grupo Oncoclínicas, foi o convidado do encontro que discutiu os próximos passos dessa terapia revolucionária para o tratamento do câncer. O ato ocorreu na sede Oncoclínicas do Rio Grande do Sul, com parte do corpo clínico, no início da noite desta terça-feira.

O cientista estuda as células CAR-T desde 2015 e explicou que esse encontro é importante para definir os próximos passos desta técnica que já foi aprovada pela Anvisa, em 2022. "Do nível de tecnologia o CAR-T é o mais alto, pois envolve a produção genética nas células do paciente". Outro ponto discutido foi a produção do CAR-T no Brasil. "Podemos usar como exemplo o acesso às vacinas. Não teríamos tanta disponibilidade no país se não tivéssemos grandes produtores desse imunizante. Na biotecnologia o contexto é bem mais complexo, pois o desenvolvimento de tecnologia requer maturidade no processo que demora anos", ressaltou.

O difícil acesso a esse procedimento e o valor da medicação, que gira em torno de 2 milhões de reais, também é ponto importante a ser trabalhado. Essa terapia tem se mostrado muito eficiente no tratamento de pacientes com cânceres hematológicos, como leucemia linfoblástica aguda, linfoma de células B e mieloma, e já revoluciona o campo da terapia celular e abre novas possibilidades. Cunha lembrou que existem mais de 800 estudos espalhados ao redor do mundo para utilizar essa técnica CAR-T em câncer de tipos sólidos. 

Rafaela Dal Molin é hematologista do grupo Oncoclínicas do RS e faz parte do grupo técnico que está atuando na qualificação da terapia CAR-T no estado. Ela lembrou que o CAR-T ainda não é a primeira opção de tratamento. "É utilizado em pacientes que já esgotaram as possibilidades terapêuticas. O primeiro caso de uso do CAR-T, com resultado positivo, foi nos Estados Unidos em uma criança de quatro anos, com leucemia aguda", explicou. 

O que são as Células T

As células T são um tipo de célula do sistema imunológico que desempenham um papel fundamental na defesa do organismo contra infecções e células cancerígenas. Em terapias celulares, as células T podem ser modificadas geneticamente para expressar receptores quiméricos, também conhecidos como receptores de antígenos quiméricos. Esses receptores são projetados para reconhecer e atacar especificamente células cancerígenas, tornando-se uma abordagem promissora no tratamento do câncer. Essa abordagem inovadora permite que as células T modificadas com receptores quiméricos antigos ataquem tanto células cancerígenas quanto células normais, o que pode ter implicações significativas no tratamento de diferentes tipos de câncer. 


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