Corpo de gaúcho morto em Israel segue sem definição de traslado

Corpo de gaúcho morto em Israel segue sem definição de traslado

Amigo de infância de Ranani Nidejelski Glazer relatou como a família e demais conhecidos souberam de seu desaparecimento

Felipe Faleiro

Ranani se abrigou em bunker, mas não sobreviveu

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Amigos do jovem Ranani Nidejelski Glazer, 23 anos, vítima dos atentados do grupo terrorista Hamas, próximo a Faixa de Gaza, em Israel, no último sábado, estão consternados, em razão do falecimento precoce do jovem DJ porto-alegrense, que vivia desde 2017 na nação judaica. Há cerca de um mês, Glazer, morador da cidade de Tel Aviv, começou a namorar a jovem Rafaela Treistman, que, nas redes sociais, lamentou o ocorrido. “Está todo mundo péssimo”, comentou o cantor, compositor e produtor musical Vitor Massa, um dos amigos mais próximos do jovem.

Massa também mora em Porto Alegre, onde vive ainda um primo de Glazer, morto enquanto estava em uma festa rave que foi um dos primeiros alvos dos terroristas, na ocasião. Os demais familiares do jovem morto estão em diferentes locais do Brasil. “Falávamos por videochamada uma vez por semana, ou algo do tipo. Ele estava basicamente em todos os nossos grupos de WhatsApp e ia acompanhando tudo”, afirmou Massa, se referindo às notícias sobre o conflito recentemente iniciado. Segundo o amigo, nenhuma decisão ainda foi tomada em relação ao corpo.

“Não temos ainda nenhuma informação, porque o assunto é bem complexo e há bastante burocracia”, comenta ele. Segundo o músico, logo que houve notícias do desaparecimento de Ranani, foi criado um grupo como uma espécie de “força-tarefa”. “Entrei em contato com os amigos que dividiam o apartamento com ele em Israel, e alguns eram do Exército. Fazíamos muitas pesquisas, recebíamos mensagens em hebraico 24 horas por dia, traduzíamos, e descobrimos no domingo, por volta de 12h23min, que ele tinha recebido um sinal no celular”, relata Massa.

O sinal foi então rastreado, e o músico e mais um amigo descobriram que Glazer não estava mais em um bunker montado. A informação foi repassada por ele a amigos do jovem no exército israelense. “Dormíamos muito pouco, porque as informações eram desencontradas. Eu estava em grupos de brasileiros, israelenses. Achamos que conseguiríamos encontrá-lo, e isto gerava esperança. Descobrimos na segunda-feira, antes mesmo de o pai e do irmão saberem que ele estava no hospital, e esta expectativa do nada caiu por terra”, comentou Massa.

A relação entre Glazer e Massa vinha desde a infância. Ambos mantiveram uma banda, a H3RO, entre 2011 e 2017. Glazer, que estudava na Escola Estadual de Ensino Fundamental William Richard Schisler, no bairro Menino Deus, era baterista, enquanto Massa era o vocalista e guitarrista. “Fomos bem ativos na cena local. Tocamos em basicamente todos os colégios de Porto Alegre e região”, comenta Massa. A ideia de se mudar para Israel por intermédio do pai. Glazer chegou a estudar em colégios locais e também serviu no Exército israelense.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) se manifestou na terça-feira, quando afirmou que se solidarizava com a família e amigos do jovem. “O governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, do falecimento do cidadão brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, natural do Rio Grande do Sul, vítima dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro, em Israel. Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Ranani, o governo brasileiro reitera seu absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis”, afirmou a nota.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895