Corsan acusa Sindiágua por intermediar processos trabalhistas durante rescisão de funcionários

Corsan acusa Sindiágua por intermediar processos trabalhistas durante rescisão de funcionários

Segundo a empresa, que acionou a polícia e a OAB, o sindicato levou escritório de advocacia para agilizar ações contra a companhia

Christian Bueller

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Durante a homologação da rescisão dos primeiros funcionários da Corsan que entraram no processo de desligamento voluntário, a empresa realizou um boletim de ocorrência e entrou com uma representação junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) por conta do que considerou uma conduta ilegal do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do RS (Sindiágua), que teria acionado um escritório de advocacia para agilizar processos trabalhistas contra a companhia.

Segundo a presidente da Corsan, Samanta Takimi, foi no segundo dia de formalização dos acordos indenizatórios solicitados pelos próprios funcionários, nesta quinta-feira, que ocorreu o movimento que motivou as denúncias. “Identificamos a presença de representantes de escritórios trabalhistas ligados ao sindicato, colhendo assinaturas em procurações para o ingresso de ações trabalhistas aumentando a indústria dos processos trabalhistas”, afirmou. Ela garante que a empresa “está agindo de acordo com o estipulado na negociação coletiva”, atendendo a uma solicitação do próprio empregado. “É a estabilidade de 18 meses com a possibilidade de conversão em indenização substitutiva da mesma”, acrescentou Samanta.

O presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch, se mostrou surpreso com a informação sobre o boletim de ocorrência e a ação na OAB, quando questionado pela reportagem e negou a acusação formulada pelo jurídico da Corsan. “Não é verdade. Em momento algum, o sindicato incita ou pede para os funcionários entrarem na Justiça. É livre para cada trabalhador procurar qualquer escritório”, rechaça. Wünsch diz lamentar a ação da empresa. “Certamente, é para tumultuar o processo todo. Não recebemos nada oficialmente, mas vou tomar conhecimento do teor do B.O. com o meu setor jurídico. Mas, posso dizer que o Sindiágua nunca orientou a ninguém a pegar escritório A, B ou C”, reitera o presidente do sindicato.

Wünsch relata que este fato deverá atrapalhar a negociação atual do parcelamento das indenizações entre sindicato e empresa. “Sendo assim, não há mais o que negociar”, frisa ele. A empresa Aegea, líder no setor privado de saneamento, assinou em 7 de julho, em conjunto com fundos de investimento geridos pela Perfin e pela Kinea, o contrato de aquisição da Corsan. Após a privatização, a Corsan recebeu o pedido de demissão de quase um terço (27,7%) dos seus 5,5 mil funcionários. Em uma semana, 1,5 mil trabalhadores pediram desligamento.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895