Crianças em tratamento de câncer raspam os cabelos de calouros em Trote Solidário

Crianças em tratamento de câncer raspam os cabelos de calouros em Trote Solidário

Ação para desmistificar estigmas que cercam a queda de cabelo ocorreu no Hospital da Criança Santo Antônio

Paula Maia

A ação é um momento de alegria para as crianças e para os adultos que participam do evento

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Música e cantorias agitaram um espaço do Hospital da Criança Santo Antônio nesta sexta-feira. O motivo foi a realização de mais uma edição do Trote Solidário Careca Amiga. A ação, promovida em parceria com os alunos da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), tem como missão central desmistificar os estigmas que cercam a queda de cabelo, uma consequência dos tratamentos do câncer. O evento iniciou em 2015 e parou nos dois anos de pandemia.

Os calouros da Universidade tiveram os cabelos cortados pelas crianças em tratamento oncológico, com o apoio de cabeleireiros parceiros da iniciativa. Além disso, o Trote Solidário busca conscientizar os jovens acadêmicos sobre o compromisso que terão com a saúde e com o bem estar dos seus futuros pacientes.

Roberta Alves da Silva é oncologista-pediatra e explicou que atualmente o hospital tem uma média de 100 casos novos por ano. Atualmente, aproximadamente 60 crianças estão em tratamento. Ela afirmou que essa ação lúdica tem grande importância tanto para os pacientes quanto para o calouro, que está passando por um momento de transição.

"Esse evento é muito importante para reinserir essas crianças novamente no convívio com a sociedade. É importante que as crianças voltem a sorrir. O processo de hospitalização é muito árduo. Fazer com que as crianças, num momento lúdico, esqueçam um pouco o que elas estão passando é de extrema importância", afirmou.

A especialista afirma que o câncer infantil tem cura. " Altas chances de cura. E é isso que a gente trabalha. Não temos que prescrever só quimioterapia. Temos que prescrever sorrisos. E isso é muito importante para que o processo de cura seja efetivo", declarou.

Daliana Pereira é uma das organizadoras da ação. Ela é profissional de educação física e trabalha na recreação do hospital. Ela explicou que o evento engloba muitas pessoas e organizações. E que o dia do Trote Solidário é uma hora agitada e de muita alegria. Para além de lúdico, ela garante que o evento traz força e desmistifica a questão da aparência com a queda do cabelo.

“As crianças fazem curtindo. Quem está ali cortando o cabelo também se sente gratificado por estar participando desse momento, por estar recebendo a força dessas crianças. É isso que a gente vê neles: força”, refletiu.

Luciane Maria Hanauer, mãe da paciente Manuela de 11 anos, declarou que o evento é uma forma de conscientizar as pessoas e de descontrair as crianças. “Foi muito bom e divertido. Minha filha ficou muito feliz. É muito importante para ela interagir, brincar, se divertir e esquecer um pouco da doença”, finalizou.


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