Dia Mundial da Água: Movimentos sociais e sindicatos protestam contra privatização da Corsan

Dia Mundial da Água: Movimentos sociais e sindicatos protestam contra privatização da Corsan

Fórum Popular em Defesa da Água reuniu manifestantes em frente à Assembleia

Felipe Samuel

Grupo afirma que valor da Corsan é estimado em R$ 9 bilhões, o dobro do oferecido em leilão

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No Dia Mundial da Água, entidades sindicais e movimentos sociais lançaram nesta quarta-feira, em Porto Alegre, na Praça da Matriz, no Centro Histórico, o Fórum Popular em Defesa da Água. Além de alertar sobre a importância da água e do saneamento como direito fundamental da população, os manifestantes protestaram contra a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), que foi arrematada em leilão no ano passado por R$ 4,151 bilhões pelo consórcio Aegea.

O ato reuniu cerca de 10 entidades, entre os quais o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua-RS). O secretário-geral do Sindiágua, Cleverson Vinicius Giordani, critica o processo de desestatização da Corsan e o baixo valor apresentado para a compra da estatal. Por conta disso, a entidade move ações judiciais para impedir a concretização do negócio. O Sindiágua cobra ainda estudos que embasaram o valor de venda da empresa. 

“Queremos saber qual o destino pretendido para os trabalhadores. São mais de 5 mil famílias angustiadas e mais 4 mil famílias de aposentados, pensionistas, do nosso fundo de pensão, que dependem dessa informação. E isso não foi atendido”, reforça. O objetivo da mobilização é pressionar os deputados a assinarem pedido de criação de comissões parlamentares de inquérito (CPI) para apurar o processo de venda da Corsan.

Conforme Giordani, estudos apontam que a estatal teria valor de mercado de pelo menos R$ 9 bilhões. “A aquisição da Corsan por R$ 4,1 bilhões é um deboche com os gaúchos. Entendemos que todo esse processo com contratações sem licitação para as consultorias está eivado de irregularidades”, acusa, lembrando que a Aegea adquiriu a Corsan com ágio de 1,15%. “Temos estudos que mostram subpreço da companhia, quer dizer, uma avaliação a menor do que realmente ela vale. E aí traz um prejuízo para todo o Rio Grande do Sul”, completa.

Além da Corsan, os manifestantes também protestaram contra a possibilidade de privatização do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). “Diferente da Corsan que hoje está muito mais numa esfera jurídica para impedir a venda, no Dmae é ainda um processo no campo político, onde a sociedade pode se posicionar e sensibilizar o prefeito Sebastião Melo para que não leve adiante esse negócio porque não vai resolver o problema. O Dmae é um órgão lucrativo, superavitário, fornece receita para o município”, conclui. 


Correio do Povo
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