Dois meses após divulgação, Dmae não contratou geradores para ETA Belém Novo

Dois meses após divulgação, Dmae não contratou geradores para ETA Belém Novo

Contratação emergencial, anunciada ainda em janeiro, foi frustrada em razão de não haver fornecedores dos equipamentos necessários

Felipe Faleiro

Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo abastece 400 mil moradores e um terço do território de Porto Alegre

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Embora o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) tenha anunciado, em 12 de janeiro deste ano, antes do primeiro temporal devastador de 2024, a contratação emergencial de geradores para a Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo, na zona Sul de Porto Alegre, o órgão nunca chegou a concluir tal processo. A justificativa, relata o órgão, foi a de que os itens, na carga em que o Dmae necessita, “são fornecidos por poucas empresas no Rio Grande do Sul”, e, por isso, houve a opção em fazer um processo licitatório, mais demorado, mas com “respaldo jurídico”.

Anunciadas no site da Prefeitura no último dia 14 de janeiro, tanto a urgência na contratação quanto a instalação ainda no mesmo mês ocorreriam para evitar a interrupção da “produção de água tratada devido a quedas na energia elétrica no verão 2024”, com investimento de R$ 2,1 milhões, por meio de recursos próprios, e em um prazo de 90 dias. A reportagem, no ar ao menos até esta quinta-feira, utiliza expressões no tempo presente, corroborando a contratação, que, na verdade, não chegou a ocorrer.

A assessoria de Comunicação do Dmae justificou que não houve a divulgação da mudança neste processo pois o novo edital ainda não está pronto, mas que será publicado “nos próximos dias”, e que as respostas às dúvidas sobre a contratação vinham sob demanda. A ETA Belém Novo faz parte do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) do mesmo bairro, atendendo cerca de 400 mil pessoas em um território abrangendo cerca de um terço de Porto Alegre.

Faltas de energia são uma constante no local, o que fez com que a Prefeitura colocasse os geradores como uma prioridade, ao menos até aquele momento. Na prática, com os equipamentos instalados, problemas como o de hoje, em que o bombeamento de água bruta foi afetado após o mais recente temporal com ventos de 90 quilômetros por hora, poderiam ser evitados ou os impactos à população reduzidos.

O aluguel próprio dos geradores foi o “plano B” da Prefeitura, diante do que classificou como inércia da CEEE Equatorial em resolver os problemas de desabastecimento na ETA em questão. No final do ano passado, o prefeito Sebastião Melo anunciou, em entrevista coletiva, que pediria à CEEE que instalasse um gerador na ETA Belém Novo, e o diretor-geral do Dmae, Maurício Loss, disse que esta era uma “medida essencial”.

Outra medida anunciada na ocasião foi a realização de estudos para instalar uma estação de tratamento provisória na barragem Lomba do Sabão, no limite com o município de Viamão, a fim de abastecer a zona Leste, hoje também atendida por Belém Novo. Também nesta quinta, ao comentar sobre a tormenta que deixou 280 mil moradores de Porto Alegre sem luz, Melo deixou claro que os eventuais atritos entre Executivo e CEEE haviam diminuído após os problemas de janeiro.


Correio do Povo
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