Elevação do nível do rio Gravataí aumenta drama de famílias em Alvorada e Cachoeirinha

Elevação do nível do rio Gravataí aumenta drama de famílias em Alvorada e Cachoeirinha

Ao menos 500 moradores já saíram de casa com a cheia do arroio Feijó. Em Cachoeirinha, famílias foram removidas no Parque da Matriz

Rodrigo Thiel

No bairro Americana, em Alvorada, morador utiliza bote para sair de casa ajudar a distribuir marmitas para outras famílias atingidas pela cheia do arroio Feijó

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Assim como o Guaíba alcança níveis históricos em Porto Alegre, um de seus afluentes, o rio Gravataí, permanece em tendência de elevação na Região Metropolitana. Em Alvorada, o arroio Feijó, que deságua no rio, segue com uma enchente histórica, que resultou na retirada de cerca de 70 famílias de suas residências. Muitas outras ainda preferem seguir em suas casas, ainda que alagadas, com medo de serem alvo de furtos. Ao todo, a Defesa Civil Municipal estima em 500 pessoas atingidas nos bairros Americana e Nova Americana.

Desde o final de semana, a prefeitura tem auxiliado na retirada de famílias de suas casas. Até esta terça-feira, mais de 60 mudanças foram feitas com o suporte de caminhões, retroescavadeiras e barcos do Corpo de Bombeiros. Um galpão foi estruturado e está à disposição dos moradores que precisarem de abrigo. A partir desta quarta, a prefeitura passará a distribuir água potável para as famílias que seguem em suas casas. Uma equipe da Guarda Municipal está mobilizada na região para prevenir crimes e uma unidade móvel da Secretaria Municipal de Saúde realiza atendimentos e presta suporte para a população.

Além disso, mais 250 marmitas foram distribuídas nesta terça-feira. Para chegar até a casa das pessoas que ainda não deixaram suas residências, é necessário o apoio de barcos, muitos deles de civis que também moram na região. 

Este é o caso do morador Giovani Gomes da Silva, que reside na avenida Beira Rio e, desde o final de semana, consegue sair de casa apenas com um barco um remo. De sexta-feira para cá, faz parte da sua rotina sair para ajudar a distribuir alimentos aos que mais precisa. “Minha casa é um pouco mais alta, mas nos fundos já está alagado. Levantei o que consegui. O resto não tem o que fazer. É uma atrás da outra. Não deu tempo de se recuperar ainda. Ao menos com o barco a gente consegue ajudar também os outros né. Eu perdi alguns móveis, mas tem gente que perdeu tudo e precisa dessa ajuda”, contou o morador.

Defesa Civil de Cachoeirinha retira famílias e auxilia em Eldorado do Sul

O aumento do nível do rio Gravataí segue resultando na saída de moradores de suas casas em Cachoeirinha. Segundo a Defesa Civil Municipal, nesta terça-feira, o ponto de maior transtorno foi no final do bairro Parque da Matriz, principalmente nas ruas Pacaembu e Realengo. No local, ocorre o monitoramento da situação e a retirada de algumas famílias atingidas na localidade. Além disso, uma parte da equipe da Defesa Civil de Cachoeirinha está prestando suporte nos resgates realizados em Eldorado do Sul. Já em Gravataí, a prefeitura segue sem registrar moradores desabrigados ou desalojados com a cheia do rio.

Em Porto Alegre, famílias montam acampamento próximo ao CT do Grêmio

Um grupo de cerca de 50 famílias que residem em uma área chamada de Vila da Beira Rio, na Zona Norte da Capital, também foi duramente atingido pela cheia do Guaíba. As casas, localizadas na rua João Moreira Maciel, próximo ao CT Luiz Carvalho do Grêmio, foram em grande parte submersas pela água. Abel de Oliveira, um dos moradores da Vila da Beira Rio, conta que conseguiu montar um acampamento provisório em frente ao CT, onde está ficando com a família. “Temos que ficar aqui porque não podemos ficar dentro de casa. Tem mais de metro de água lá. Foi tudo fora. Nem deu tempo de tentar salvar. Não temos nada mais. O pouco que tínhamos foi perdido. Também não temos para onde ir, então a saída foi montar o acampamento aqui na frente do Grêmio”, completou.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895