Enchente fecha posto de saúde em Eldorado do Sul e transfere famílias para abrigo em Guaíba

Enchente fecha posto de saúde em Eldorado do Sul e transfere famílias para abrigo em Guaíba

Moradores estão sendo orientados a buscar atendimento na unidade do bairro Cidade Verde

Felipe Faleiro

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Os municípios de Guaíba e Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, viveram uma quinta-feira de angústia e avaliação dos estragos, em razão da elevação das águas do Guaíba e da virada do vento para o Sul, depois para o Sudoeste, que represaram o curso d’água, contribuindo para as cheias que já eram altas. Em Eldorado, a enchente segue comprometendo o atendimento da unidade de saúde Picada, junto à Ilha da Pintada, na divisa com a Capital, que permanece fechada hoje pelo segundo dia seguido, após a água invadir o pátio. 

Os moradores estão sendo orientados a buscar atendimento na unidade do bairro Cidade Verde. “Estamos priorizando os cuidados com as pessoas e seus bens materiais. Fornecemos tijolos para levantar os móveis, caso a água entre nas casas, além de ajudar a remover moradores. A enchente desta semana está diferente da semana passada. Da outra vez, a água mais forte veio pelo rio Jacuí, e agora, diretamente pelo Guaíba”, comentou o vereador Fábio Leal, também membro da coordenação da Defesa Civil de Eldorado do Sul.

Foto: Ricardo Giusti 

A Administração também cancelou uma ação de entrevistas de emprego para vagas de ajudante de reflorestamento, que ocorreria nesta manhã no auditório da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Profª Luiza Binfaré Cézar, no Cidade Verde, pelo risco de enchentes na região. Em Guaíba, por sua vez, 28 pessoas estavam alojadas hoje no salão da Igreja Nossa Senhora do Livramento, em uma área alta do município, e que está com capacidade máxima de 30 pessoas. “Temos 80 colchões liberados para colocar justamente neste alojamento provisório”, afirmou a vice-prefeita, Cláudia Jardim.

Além deste abrigo, a Administração utilizou dois ônibus para encaminhar pessoas necessitadas para casas de familiares nos bairros Santa Rita, Cohab, São Jorge e Bom Fim. O bairro mais afetado é o Ipê, principalmente na rua 3, de onde foram removidas 12 pessoas, incluindo crianças. “O vento está modificando, a previsão é de que ele mantivesse no sul, e acredito que ele irá nos incomodar ainda por algum tempo. Por isso, a água está vindo com muita força no Ipê”, afirmou o responsável pelo alojamento e membro da coordenadoria da Defesa Civil Municipal, Daniel Gomes.

A catadora Maria Rodrigues foi encaminhada para lá, junto com os dois filhos, Inara Rodrigues da Silva e Antônio Carlos Rodrigues, além de demais familiares, todos moradores do mesmo terreno no Ipê. “Perdemos tudo, não sobrou nada, roupas, móveis, foi tudo. E aqui estamos nos sentindo bem melhores, recebendo toda a assistência. Não temos condições de voltar, nossa tenho família em Porto Alegre, mas eles também não conseguem ajudar. Recebemos Bolsa Família, mas é pouco”, relatou ela. 

Foto: Ricardo Giusti

Além do Ipê, outras partes com alagamento são a orla, na avenida João Pessoa, onde um grande trecho está interditado pela água acumulada, e na avenida Pedras Brancas, onde houve o registro de um de dois deslizamentos de terra no município. O outro foi no bairro Jardim dos Lagos, e ambos não tiveram feridos. Na área central de Guaíba, o proprietário da franquia de uma rede de cafeterias, Matias Buth, fechou as portas do estabelecimento nesta quinta-feira, em razão de a água quase ter invadido o local. 

“A água já está baixando consideravelmente. A chuva parou, e entendemos que muito provavelmente este acúmulo de água ocorre porque a água não tem para onde escorrer”, comentou ele. “Estamos abertos há 45 dias, e estamos tendo um movimento muito bom. Ontem já tivemos uma queda muito grande no fluxo. Um dia fechado traz um prejuízo grande”. Buth se mudou há três meses de Lajeado. Ele disse que sua família está bem no Vale do Taquari, porém teve amigos que perderam tudo nas cheias. No começo da tarde desta quinta-feira, a régua de medição da Agência Nacional de Águas (ANA) no terminal da CatSul, ali próximo, havia reduzido o nível o máximo de 2,51 metros para 2,37 metros em 3h30min.


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