Enchente isola moradores de bairro de Alvorada em casa há quase uma semana

Enchente isola moradores de bairro de Alvorada em casa há quase uma semana

Segundo eles, a cada inverno, a situação se repete no bairro Americana

Felipe Faleiro

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Moradores das ruas Marquês do Pombal, Americana e Anita Garibaldi, no bairro Americana, em Alvorada, município na região metropolitana de Porto Alegre, estão desde a última quinta-feira convivendo com a água do arroio Feijó nas vias e, em alguns casos, dentro das residências, em razão das chuvas fortes que causaram a elevação do nível da água. Ainda que, de acordo com eles, a Defesa Civil Municipal esteja apoiando os atingidos, há pessoas que relatam não conseguir sair para trabalhar, recebendo falta em razão disto.

“Tive de falar com meu patrão que não consigo sair de casa. Estou desde o último dia 8 assim, e recebendo falta justificada”, relatou a zeladora Júlia Moura, que vive em uma residência na Marquês do Pombal. Ela mora no segundo piso, e afirmou que a casa dela não foi atingida pela enchente, porém, por precaução, subiu os móveis, assim como fizeram vizinhos. “Moro aqui há 50 anos, e sempre foi assim no inverno”.

Os vizinhos se uniram e compraram macacões em lojas de caça e pesca para driblar os efeitos do aguaceiro. Ainda assim, o problema é recorrente. “Apesar de tudo, ainda estamos em vantagem em relação às famílias que perderam tudo nas suas casas”, comenta Júlia. Hoje pela manhã, a água do Gravataí, que corre próxima dali, já havia baixado, mas ainda representava um transtorno. A Prefeitura de Alvorada ainda monitorava a água de outro arroio perto da comunidade, o Feijó, que estava em um nível alto, porém não havia saído do leito normal.

A chuva da semana passada deixou alagados tanto o bairro Americana quanto o Sumaré. Também trajando um macacão, o técnico em enfermagem Lucimar Cardoso caminhava nesta terça-feira em meio à água, levando um kit de primeiros socorros. “A Defesa Civil não foi até o final da rua conferir as casas alagadas. Estou passando voluntariamente para verificar como estão as pessoas. Em uma delas, uma senhora estava com a pressão arterial de 17 por 11, e foram feitas as verificações”, comentou ele, que mora em outra via da região não atingida pela água.

O diretor da Defesa Civil de Alvorada, Vilmar Antunes Lauriano, esteve hoje na rua alagada e contrariou o relato de moradores, dizendo que ninguém precisou sair de suas casas, com exceção de um senhor, morador da rua Americana, que havia saído antes das enchentes e foi levado para a casa de parentes. “Estamos monitorando tudo, e vamos torcer para que não venha esta chuva que se projeta vir. Morei aqui por 35 anos e as pessoas já sabem que, quando começa a chover, precisa sair ou levantar as coisas”, afirmou ele.

Segundo Lauriano, todos os arroios estão sendo dragados pela Prefeitura. “Conseguimos eliminar algumas ruas que não enchem mais hoje. O trabalho de prevenção está dando certo”, disse o diretor do órgão municipal. Uma van da Secretaria Municipal de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (SMTASC) também estava na mesma rua, aguardando para fornecer materiais de limpeza aos moradores alvoradenses que precisassem para efetuar a limpeza. “Caso seja necessário, temos um ginásio preparado para receber as pessoas”, observou ele.


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