Enchentes causam cancelamento da Semana Farroupilha em Cerrito

Enchentes causam cancelamento da Semana Farroupilha em Cerrito

No município e cidades próximas, pessoas são orientadas a voltarem às suas casas apenas na quarta-feira

Angélica Silveira

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Maior evento do ano na cidade de Cerrito, a Semana Farroupilha foi cancelada em respeito às vítimas das enchentes. No município, as 500 pessoas que ficaram desabrigadas - das quais 60 estão morando provisoriamento no ginásio municipal - são orientadas a voltarem para suas casas apenas a partir de quarta-feira (13), já que o rio Piratini está três metros acima de seu nível normal e ainda há alertas de chuvas para esta semana, como justificou o prefeito da cidade, Douglas Silveira.

Neste sábado, Silveira decretou situação de emergência. “O decreto é para termos o acesso facilitado aos recursos federais e estaduais para poderemos ajudar estas famílias prejudicadas com a cheia do rio Piratini”,  afirma. Enquanto a situação de alerta não termina, as famílias  vão até suas casas realizar a limpeza e retornam para o ginásio. 

Na sexta-feira, o rio Piratini chegou a estar pouco mais de 14 metros acima do nível normal. Com isto, as cabeceiras da ponte que liga o município a Pedro Osório chegaram a ficar submersas e o local passou o dia interditado. A prefeitura está realizando uma campanha  para arrecadar donativos aos desalojados. As doações podem ser entregues na Secretaria de Assistência Social, que fica na rua Doutor Jacques, 63,  ou no ginásio de esportes Genes Leão Bento.

São necessários materiais de higiene e limpeza, itens básicos de higiene como sabão, sabonetes, desinfetantes e derivados, ração animal para cães e gatos, biscoitos, bolachas, mós e eletrodomésticos.  “Em respeito a todas pessoas que tiveram suas casas invadidas pela água, decidimos cancelar a Semana Farroupilha de 2023, que é considerado o maior evento da cidade, mas vamos juntar todos os esforços para ajudar as pessoas que perderam tudo com a chuva e a recuperação dos estragos na zona rural”, disse o prefeito.

Pedro Osório

Na vizinha Pedro Osório, 42 famílias seguem abrigadas no Salão Paroquial. Com a cheia do Rio Piratini, em torno de 200 pessoas foram desalojadas. O coordenador municipal da Defesa Civil de Pedro Osório, Lauri Centeno acredita que o rio tenha baixado 12 metros. “Os danos causados foram na zona ribeirinha. Estamos apreensivos com esta nova previsão de chuva, os que tem esperança que não venha um grande volume de chuva estão indo em casa fazer a limpeza e voltando para o abrigo pelo menos até quarta-feira”, relata. Ele confirma que  as autoridades estão fazendo o levantamento dos prejuízos e que nesta segunda-feira (11) o prefeito, Moacir Otílio Alves, deve decretar emergência. “A partir de amanhã (segunda-feira) vamos computar os números., por enquanto estamos  fornecendo assistência médica, psicológica e social para  todas as famílias  desalojadas”, relata.

O rio Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, segue baixando lentamente. Segundo a última medição, no final da tarde de sábado, ele estava 4,05 metros acima do leito. O prefeito Rogério Cruz decretou situação de emergência.  Conforme o coordenador da Defesa Civil Municipal, Júlio Padilha, aproximadamente  25 famílias  ribeirinhas  e do bairro Vencato foram deslocados para a casa de parentes. Até a manhã deste domingo não havia informação que tivessem voltado para casa. Na zona rural a choveu mais de 150 milímetros.  A zona rural  também sofreu muitas avarias, principalmente estradas que dão acesso a região produtiva da cidade, danificando pontes, pontilhões e bueiros.

Arroio Grande

Em Arroio Grande a cidade começa a voltar à normalidade. No sábado as águas do arroio que leva o mesmo nome da cidade começaram a recuar. “Ele ultrapassou todas as medidas possíveis, se expandindo há um bairro que fica há  500 metros das margem”, confirma o vice-prefeito José Cláudio Ávila da Silva. O bairro Promorar foi totalmente invadido pelas águas, afetando em torno de 600 casas, o que  equivale a duas mil pessoas. A Unidade Básica de Saúde e duas escolas municipais  também foram tomadas pela água.

“Todo o pessoal que mora naquele bairro trabalha na cidade e tiveram que usar um acesso secundário para sair de casa”, observa. O bairro Promorar fica entre dois arroios e segundo Silva o segundo também subiu, mas neste domingo todos os moradores já tinham voltado para casa. Na quinta-feira  o ginásio municipal abrigou 30 famílias que estavam desalojadas. Em outros pontos da zona rural, como na comunidade de Liscano, famílias ficaram ilhadas. “Tivemos estragos também em pontes que caíram, em cabeceiras.

Arroio Grande tem aproximadamente  1,2 mil quilômetros de estradas rurais e tivemos muitas avarias”, lamenta. Ele conta que  as autoridades estão terminando o levantamento que deverá ser passado à Defesa Civil. “Acredito que no máximo  no final da tarde desta segunda-feira teremos o decreto de emergência”, projeta. Ele conta que nunca tinha visto uma cheia como esta em Arroio Grande e que segue em alerta devido a previsão de mais chuva. “A nossa preocupação é que sejam  previstos mais 100 milímetros  a partir de terça-feira. Estamos tomando as medidas que podemos, como limpeza de valas e as equipes seguem de sobreaviso”, garante.

Dom Pedrito

Em Dom Pedrito o Rio Santa Maria se manteve estável neste domingo (10), após baixar em torno de cinco centímetros na madrugada de sábado. A Prefeitura segue monitorando o rio Santa Maria. Com a cheia causada pelas chuvas do  dia 7 de setembro, 30 pessoas foram retiradas de suas  casas e duas famílias seguem desalojadas. Uma  foi para Bagé e outra foi para a casa de parentes. O restante está na escola municipal Alda Seabra. A Prefeitura segue monitorando a situação do rio, que atualmente  está  5,75 m acima do normal.


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