Encontro "Dia das Terezas" mobiliza mulheres negras do Centro Administrativo, em Porto Alegre
O evento também marcou o início do mapeamento das servidoras negras no Rio Grande do Sul. O objetivo do trabalho é desenvolver políticas públicas mais avançadas e inclusivas para as mulheres negras
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Servidoras negras do Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre, participaram do encontro Dia das Terezas, em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, bem como ao Dia de Tereza de Benguela. O evento ocorreu nesta sexta-feira e contou com diversos painéis temáticos que abordaram habilidades, diversidades, saúde e liderança das mulheres negras.
A Secretária Adjunta da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), Caroline Moreira, enfatizou a relevância extrema do evento, destacando que foi um dia de troca de conhecimentos. “Falamos sobre liderança feminina. Falamos sobre a multiplicidade e diversidade das mulheres negras e sobre saúde mental”, explicou. Além disso, o evento foi marcado por uma atmosfera que quebrou protocolos, com música, poesia e apresentação de Slam, reunindo mulheres de diversas religiões.
O evento também marcou o início do trabalho de mapeamento das servidoras negras no Rio Grande do Sul, visando entender onde elas estão posicionadas em suas funções, a fim de desenvolver políticas públicas mais avançadas e coletivas. “Ter dados concretos é essencial para criar políticas efetivas e inclusivas para as mulheres negras”, ressaltou Caroline.
A abertura do evento contou com uma apresentação de Slam conduzida por Agnes Mariá, que também falou sobre o papel das pessoas brancas na luta antirracista. Durante o primeiro painel, Ana Maria de Souza, Diretora da Biblioteca Pública do Estado e primeira mulher negra a ocupar esse cargo, ressaltou os desafios do racismo estrutural para que as pessoas negras assumam cargos de poder.
Outro tema importante foi destacado pela chefe da Divisão de Diversidade e Combate à Intolerância da SJCDH, Glória Crystal, que abordou a inviabilidade da mulher negra travesti. O último painel, moderado por Verônica Santos, do Departamento de Auditoria do SUS, da Secretaria Estadual da Saúde, contou com a participação de Giseli Consuelo, Assessora Especial do Departamento de Políticas para Mulher da SJCDH, e Gisele Tertuliano, Coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Cachoeirinha, debateu questões fundamentais sobre a saúde mental da mulher negra.
Sobre a data
A data de 25 de julho, sancionada pela Lei nº 12.987/2014, homenageia a Tereza de Benguela, que foi uma líder do quilombo Quariterê, do século XVIII. Ela era considerada a rainha do quilombo e por meio de sua liderança, o quilombo resistiu à escravidão por duas décadas até 1770. Na destruição do local, parte da população foi assassinada e a outra, aprisionada. Um marco na luta contra o racismo, além de uma oportunidade para debater o tema.