Esclerose Múltipla é discutida em audiência pública na Assembleia Legislativa

Esclerose Múltipla é discutida em audiência pública na Assembleia Legislativa

A proposição foi do deputado Valdeci Oliveira. Antes do debate, foi exibido o documentário "Esclerosada não é a avó" que retrata a vida de mulheres vivendo com a Esclerose Múltipla

Paula Maia

Durante a audiência, participantes compartilharam histórias e debateram a importância de abordagens multidisciplinares no tratamento da EM, destacando a demora no diagnóstico como um desafio

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A Comissão de Saúde e Meio Ambiente realizou na manhã desta quarta-feira uma audiência pública para discutir ações governamentais e a relevância do cinema na conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM). O encontro foi realizado na Assembleia Legislativa e teve a proposição do deputado Valdeci Oliveira.

Durante o evento, Valdeci Oliveira enfatizou a necessidade de ampliar o conhecimento sobre a EM, uma doença invisível e degenerativa. Ele também mencionou que a Comissão buscará criar protocolos para melhorar o acesso a medicamentos e tratamentos, assim como estabelecer centros de referência no interior do Estado.

Antes da audiência, foi exibido o documentário "Esclerosada não é a avó" que retrata a vida de mulheres vivendo com a EM.O filme foi gravado em Santa Maria e Porto Alegre e as entrevistadas conversam com as diretoras e diretor, que por vezes aparecem nos cortes. O diretor Luiz Cassol falou sobre a trajetória do filme, que já é premiado, e que a produção agora faz parte da Mostra Sesc de Cinema e vai ser exibido em todo o Brasil.

Durante a audiência, participantes compartilharam histórias e debateram a importância de abordagens multidisciplinares no tratamento da EM, destacando a demora no diagnóstico como um desafio.

O médico neurologista Jeferson Becker apontou que atualmente existem muitos tratamentos e que a maior dificuldade está na demora do diagnóstico. Ele ainda ressaltou a importância de facilitar o encaminhamento para os cuidados multidisciplinares e a importância de acesso contínuo a medicamentos.

“As vezes estão sendo negadas as medicações que já tinham sido aprovadas antes. Algumas medicações o paciente não pode ficar sem tratamento. Simplesmente ser retirado o tratamento aumenta muito a chance de do paciente fazer um rebote da doença e ter um quadro muito mais grave”.

O defensor público Tiago Rodrigo dos Santos é um paciente de Esclerose Múltipla e ressaltou a importância do debate sobre a EM. Ele destacou a importância de valorizar a ciência que com o passar dos anos desenvolveu muitos medicamentos e que a doença deve ser tratada como crônica, não algo que não tem cura. “Hoje a ciência nos deu esses medicamentos e não podemos, por burocracia de Estados, muitas vezes, ser impedidos de acessar esses medicamentos”, ressaltou.

Nas considerações finais, o deputado Oliveira mencionou a necessidade de uma audiência pública em Santa Maria, onde o índice de EM é elevado, para reabrir um ambulatório no Hospital Universitário. Ele enfatizou a importância do engajamento da sociedade e do governo na melhoria das políticas públicas relacionadas à EM. A audiência foi considerada histórica devido aos depoimentos e às discussões sobre os desafios enfrentados.

“Além das ações necessárias que precisam ser tomadas pelos governos em termos de políticas públicas, esta audiência demonstrou que a sociedade gaúcha e brasileira precisa debater muito mais sobre a esclerose múltipla. E o Estado, enquanto ente público, seja na esfera municipal, estadual ou nacional, precisa urgentemente enxergar essas pessoas, assumir sua obrigação”, finalizou o deputado. 


Correio do Povo
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