Escola estadual fundada há 120 anos é destruída pela enchente na Feliz e diretora compara situação com “queda de bomba”

Escola estadual fundada há 120 anos é destruída pela enchente na Feliz e diretora compara situação com “queda de bomba”

Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria Saturnina Ruschel busca agora reconstrução com auxílio de voluntários

Felipe Faleiro

Muro e cerca externos da escola despencaram e grande parte do material, perdida

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Na tarde deste sábado, um dia após o rio Caí subir para 14 metros, funcionários e voluntários se mobilizaram para limpar o lodo acumulado da Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria Saturnina Ruschel, uma das mais tradicionais do município de Feliz, no Vale do Caí, cuja última enchente foi a pior da história. A mobilização gerou resultados, mas a instituição fundada há 120 anos perdeu móveis, documentos e fotos históricas nesta, que foi a maior enchente da história da cidade.

O muro e a cerca externos despencaram, e até a inscrição com o nome da escola ficou parcialmente danificado. Algumas paredes do grande ginásio, com duas quadras, também caíram. O restante terá de ser refeito, com exceção da estrutura metálica, que, em análise preliminar, não foi comprometida. Grande parte do mobiliário foi também perdida. "Parece que largaram uma bomba", resume a diretora do colégio, Iara Melotto.

"A biblioteca ficou completamente destruída, e salvamos alguns livros que estavam bem em cima de estantes encostadas na parede". A mobilização iniciou com os primeiros alertas de chuva, só que não foi suficiente. "Estamos também evitando falar aos alunos, pedindo aos pais para não mostrarem vídeos, não trazerem eles aqui para olhar, porque pode gerar uma insegurança. Eles podem ficar com medo", diz a diretora. O colégio, inaugurado em 1903, tem 215 alunos do 1º ao 9º anos, nos turnos da manhã e tarde, mais o turno integral.

Não há muito tempo, o Maria Saturnina havia recebido verba do governo do estado para um telhado novo, de aluzinco e isopor. Uma parte já havia sido concluída, e outra estava por ser feita. Parte deste material novo, que estava no chão e ainda nem tinha sido instalada, foi parar no leito do rio, a mais de 200 metros adiante, assim como móveis da escola. Iara conta que a água não foi relativamente alta, contudo veio muito forte, o que contribuiu para os estragos.

A partir da tragédia, uma rede de voluntariado se formou rapidamente, com pessoas vindo inclusive de municípios próximos como Tupandi e São Vendelino, que receberam alimentação. "Hoje de manhã, tinham umas 200 pessoas aqui", relatou Iara, acrescentando que a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) local é "compreensiva". "Vamos tentar restabelecer tudo para ter o mínimo de condições de voltar com aquilo que é o coração da escola, que é trazer os alunos de volta". Porém, ainda não há data para isto.


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895