Especialista alerta sobre os desafios do envelhecimento da população brasileira

Especialista alerta sobre os desafios do envelhecimento da população brasileira

Seminário em Porto Alegre aborda o “Envelhecimento na Pauta das Políticas Públicas do RS”

Felipe Samuel

Conforme Kalache, em quatro décadas a população acima de 60 anos será equivalente a 33,9% do total no Brasil

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O crescimento desenfreado da população com mais de 60 anos no Brasil associado a ausência de políticas públicas voltadas à redução da desigualdade social no país se impõem como os maiores desafios para as próximas décadas. O alerta é do presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Alexandre Kalache, que participou nesta terça-feira, em Porto Alegre, do seminário “Envelhecimento na Pauta das Políticas Públicas do RS”. Médico e gerontólogo, Kalache destaca que o único grupo que vai continuar crescendo é o de 60+, enquanto todos os outros segmentos da população vão diminuir.

Ao afirmar palestrar sobre o tema “Rio Grande do Sul face a Revolução da Longevidade”, Kalache explica que o Estado mantém Taxas Totais de Fecundidade (TTF) abaixo da reposição, a exemplo da média no Brasil. “As taxas totais de fecundidade (TTF) desde 1998 estão em torno de 1,7 filho”, observa. O especialista afirma que o aumento da população acima dos 60 anos é considerado revolucionário e reflete uma tendência desde 2015, quando havia 24 milhões de brasileiros acima de 60 anos. “Em 2065, esse grupo será de 78 milhões, o equivalente a 33,9% do total da população”, projeta.

Diante de um cenário marcado por desigualdade social no país, Kalache afirma que é preciso investir principalmente em educação e infraestrutura. “Você pode ter o smartphone na mão, mas o teu pé está no esgoto. Cerca de 50% da população brasileira não têm acesso a esgoto sanitário. Como a gente pode esperar que esse país se classifique como moderno, em que nós temos ilhas tipo Bélgica e Suíça no meio de uma miséria que nos cerca? Isso não é bom nem para aqueles que são miseráveis nem tampouco para aqueles que são a chamada elite”, compara.

E faz uma analogia com a realidade do município do Rio de Janeiro. “Não é nada confortável estar em São Conrado sabendo que ali nas costas tem muita gente passando fome, está desempregada, com empregos precários, com seus filhos não aprendendo o que precisam aprender para fazer com que o país dê certo”, frisa. Kaleche reforça a importância de o país oferecer serviços sociais, empregos dignos e educação de alto nível, a exemplo do que faz o Canadá. “As vidas estão mais longas, mas é preciso que elas sejam mais larga, que a gente possa oferecer um leque de oportunidades em todos os sentidos”, sustenta.

 


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