Especialistas discutem estratégias para auxiliar na vigilância em saúde única

Especialistas discutem estratégias para auxiliar na vigilância em saúde única

Evento é realizado no Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) 

Felipe Samuel

Buss palestrou no primeiro dia do evento, que se encerra nesta quinta-feira

publicidade

Estratégias de prevenção e de combate às doenças transmissíveis, riscos de surgimento de novos patógenos e a importância de ações coordenadas entre países do Cone Sul para auxiliar na vigilância em saúde única foram os temas tratados nesta quarta-feira na abertura do 1º Simpósio Estadual de Saúde Única, em Porto Alegre. Especialistas e autoridades reforçaram a relevância do evento após a confirmação da detecção de foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) em aves silvestres localizadas próximas à Lagoa da Mangueira, no município de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul.

Coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss abordou o tema “As doenças desconhecem fronteiras – como as políticas públicas, alianças e acordos entre setores e países podem auxiliar na vigilância em saúde única”. Ao lembrar que os estados do Sul do Brasil e do Cone Sul são o “celeiro do mundo na agricultura e na pecuária”, Buss ressalta os riscos que envolvem a produção agrícola e a aproximação com animais. E lembra da confirmação de um caso de gripe aviária no Estado. “Estamos ameaçados agora por um novo patógeno, que pode ser muito sério embora, até agora, não tenhamos registado casos humanos, mas fez com que o Ministério da Agricultura decretasse emergência sanitária por gripe aviária no Brasil”, afirma.

O especialista explica que o seminário é essencial para apontar ações conjuntas de vigilância em saúde entre estados da região Sul - RS, Santa Catarina e Paraná -, além de Uruguai e Argentina. “O Cone Sul é respeitado no mundo inteiro pelo celeiro que somos de alimentos para o mundo, mas obviamente a produção agrícola e a produção pecuária também trazem riscos, porque desde sempre a aproximação de animais silvestres ou domesticados por seres humanos em determinados ecossistemas favoráveis ou não a essa relação sempre foi fonte de doenças”, alerta É uma relação complexa e bela, bela e complicada também, exatamente porque a maior parte dos patógenos que surgiram ultimamente surgiram dessa relação humana com animais”, avalia.

Buss acredita que a integração entre agricultura, ciência, tecnologia e saúde ajuda na construção de alternativas para o combate a endemias. “Essas enfermidades não têm fronteiras, não respeitam disciplinas. Elas têm que ser atacadas multidisciplinarmente, intersetorialmente e entre governos e entre instituições”, sustenta. Adjunta da Secretaria Estadual da Saúde, Ana Costa destaca a importância do evento. Cada vez que a gente liga a televisão a gente vê um novo patógeno, uma nova doença, um novo risco, e é preciso que as pessoas observem isso para mudar ou para a gente pelo menos minimizar ou mitigar riscos nesse cenário”, avalia.

Conforme Ana, o evento - promovido pela Rede Saúde Humana, Animal e Ambiental (Rede Saúde Única) do Rio Grande do Sul e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) - serve para discutir medidas específicas para cada área. “Talvez a gente vá olhar de forma mais sistêmica e avaliar que ecossistema é esse que a gente deseja, seja na agricultura, por exemplo. Falamos sobre mortes por dengue e o quão difícil tem sido controlar esse vetor. Nós vivemos a pandemia da Covid-19. A Covid-19 foi uma surpresa, essas surpresas nos denotam muito risco em saúde pública porque a gente não está preparado para receber patógenos diferentes”, completa.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895