Esqueletão: Prefeitura de Porto Alegre descarta implosão total do prédio após estudo técnico

Esqueletão: Prefeitura de Porto Alegre descarta implosão total do prédio após estudo técnico

Após análise do relatório de mais de 500 páginas, governo fará licitação para contratar empresa para a demolição

Kyane Sutelo

Prédio fica no Centro Histórico de Porto Alegre, bairro conhecido pelo intenso fluxo de pessoas.

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A prefeitura de Porto Alegre recebeu o relatório da empresa responsável pelo estudo para a demolição do prédio Galeria XV de Novembro, conhecido como Esqueletão. Localizado na esquina da rua Marechal Floriano Peixoto com a avenida Otávio Rocha, no Centro Histórico da Capital, a edificação, de mais de 70 anos, teve a demolição autorizada pelo Judiciário gaúcho em abril.

O relatório apresenta dados como prazo de demolição e custos, além de indicação do melhor modelo de trabalho e os impactos na vizinhança. O secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer, afirmou que ainda não leu a íntegra do documento, mas antecipou alguns detalhes. “Em tese, a implosão total do prédio está descartada”, afirmou Schirmer. 

A segurança é um dos pontos que mais preocupa a prefeitura, segundo o secretário, que pode influenciar diretamente na escolha do método de demolição. “São muitas pessoas que passam na frente, na rua ali, tem muito movimento, lojas, prédios contíguos, então todo o cuidado é pouco”, avaliou ele. 

Apesar do cuidado, Schirmer espera agilidade. O secretário espera começar os trabalhos no segundo semestre. “Isso é uma chaga do Centro de Porto Alegre, uma ferida feia, desagradável, muito ruim para todos nós. Os dias do esqueletão estão contados, isso que é o mais importante”, disse o gestor público.

Schirmer detalhou que há possibilidade de que seja feita a demolição “tijolo a tijolo” de uma parte e o restante implodido. Porém, a confirmação do método está prevista somente para o início de agosto, após análise do estudo por técnicos da Secretaria de Planejamento e Assuntos Estratégicos (SMPAE) e da Procuradoria-Geral do Município (PGM).  

Nas mais de 500 páginas do relatório, ainda são projetados cronograma de obras, vistoria da vizinhança e possibilidade de reutilização do material demolido. Para os materiais, foi feito plano de descarte de logística, contendo local para armazenagem provisória, pontos de bota-fora para os materiais retirados, custos de descarte e possíveis alterações no trânsito local.

Após a decisão sobre o modelo de trabalho, a prefeitura fará a licitação para contratar uma empresa que realize a demolição do Esqueletão. Só após o processo licitatório e a assinatura do contrato com a vencedora que as obras devem começar.

Histórico 

O prédio de 19 andares, com área superior a 13 mil metros quadrados, tem 3 pavimentos residenciais e um centro comercial no térreo. Ele começou a ser construído na década de 1950 pela Sociedade Brasileira de Construção. Porém, a obra não foi concluída.

Entre 1988 e 2018, diversas ações judiciais foram realizadas em relação à desocupação do local. Mas, somente em 2019, com pedidos do município e do Ministério Público do RS, entrou em vigor a determinação judicial atual de interdição e desocupação total do prédio. 

Em 2021, a prefeitura contratou o Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme), da Ufrgs, para elaboração de laudo técnico. No mesmo ano foi cumprido o mandado de desocupação total do prédio. Em  agosto de 2022, com base no estudo da Ufrgs, o município pediu ao Judiciário autorização para demolir o Esqueletão. Em 18 de abril de 2023, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) autorizou a demolição do Esqueletão.


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