"Estabelecemos a região das Ilhas como prioridade", diz coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre

"Estabelecemos a região das Ilhas como prioridade", diz coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre

Apesar da redução de pontos alagados, em algumas localidades, moradores ainda precisam se deslocar em barcos

Marcel Horowitz

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Mesmo com a redução do nível das águas que invadiu ruas e casas nos últimos dias, pontos de alagamento continuam obrigando moradores a se locomoverem em barcos, neste sábado, na região das Ilhas. Por conta da cheia no Guaíba, segundo a Defesa Civil municipal, oito adultos e 19 crianças tiveram que ser retiradas de suas residências nas últimas horas, sendo levados para casas de familiares. 

Segundo a voluntária Franciele Barreto, de 32 anos, que há quatro anos atua no resgate de animais na Ilha dos Marinheiros, foi preciso tripular um barco para acessar alguns pontos da rua Nossa Senhora Aparecida. Integrante do  "SOS Animais da Ilha dos Marinheiros", ela explica que o grupo, além de resgatar os pets, também está levando mantimentos para moradores que não conseguem sair de casa por conta da água. "Hoje resgatamos quatro cachorros, além de uma fêmea e um filhote. Também entramos de barco para levar alimentação para duas famílias que estão ilhadas", contou. 

O reciclador Daniel Centeno, de 51 anos, afirma que, após dias de elevado nível das águas, carros já conseguem trafegar pela rua Nossa Senhora Aparecida. "Ontem não passava nem caminhão por aqui. Mas isso é obra de Deus, temos que esperar que ele baixe as águas. Já estou acostumado", ponderou. De acordo com a aposentada Maria Letícia de Azambuja, de 70 anos, vizinha de Daniel, cerca de 10 famílias ainda estão ilhadas por causa das cheias. "Lá, mais para cima da rua, tem gente que está com a água quase chegando na altura do pescoço", afirmou ela. 

Conforme a prefeitura de Porto alegre, seguem acolhidas 15 pessoas na Escola Estadual Alvarenga Peixoto, na Ilha Grande dos Marinheiros, onde foi montada uma estrutura temporária para abrigo. Os moradores, ainda segundo a administração municipal, estão recebendo alimentação, produtos de higiene e cuidados médicos, além de um local para dormir. 

O nível das águas permanece elevado também na rua Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada. Em alguns pontos, moradores ainda precisam se deslocar em barcos. "Vai piorar, pois ainda tem mais água para descer. É sempre assim", concluiu o pescador Júlio Cesar Vasconcelos, de 43 anos.

Na Ilha do Pavão, conforme a  Defesa Civil, servidores municipais ajudaram na distribuição de 50 colchões para a comunidade. “Com o cenário meteorológico dos últimos dias e as consequências dessa água descendo na região das Ilhas, os órgãos municipais estabeleceram o bairro Arquipélago como prioridade”, declarou o coordenador da Defesa Civil, coronel Evaldo Rodrigues.

As equipes da Fundação de Assistência Social (Fasc), assim como da Guarda Municipal, também estão em regime de plantão, desde a última de quarta-feira, monitorando e orientando as áreas de risco, especialmente no bairro Arquipélago. “A ação conjunta com a Defesa Civil foi bem sucedida. Conseguimos atender as emergências e as equipes seguem em alerta”, informou o presidente da Fasc, Cristiano Roratto. O Gabinete da Primeira-Dama (GPD) também deslocou equipes para prestar prestar auxílio à população das Ilhas, sendo que o Gabinete da Causa Animal (GCA) já resgatou 30 animais desde o início do mutirão. 

Servidores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também estão prestando assistência na região. “Contamos com profissionais no abrigo temporário montado na Escola Alvarenga Peixoto, na Ilha Grande dos Marinheiros, e também no Distrito 35, ao lado da Unidade de Saúde Ilha do Pavão, onde aproximadamente 60 pessoas estão sendo acolhidas pela comunidade com o apoio da prefeitura”, complementou o titular da pasta, Fernando Ritter. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895