Estiagem afeta lavouras em Caraá

Estiagem afeta lavouras em Caraá

Plantação de milho virou alimentação para gado no interior da cidade

Chico Izidro

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“Está muito ruim a situação. O nível dos rios dos Sinos e Caraá baixou muito, e prejudicou muito as plantações de milho e arroz. Tudo morrendo”, afirmou o morador José Carlos dos Santos logo na entrada da cidade de Caraá, vizinha de Santo Antônio da Patrulha. Poucos metros depois de onde ele estava já se notava como o Rio dos Sinos está baixo, praticamente sem movimentos, e pode-se ver uma plantação de milho completamente destruída, dando um aviso do que está por vir de destruição provocada pela estiagem na região.
 
E mais para o interior da cidade, encontramos o agricultor Juarez Muniz, que mora na região há 42 anos. Com a estiagem, suas plantações de milho e aipim foram muito prejudicadas. “A coisa está terrível”, disse ele, ao lado do filho Gabriel. “Não tem chuva. As nuvens passam por aqui, e nada. Antes disso mesmo apareceu uma bem negra, e parecia que finalmente acabaria com esta tormenta, mas ela passou e foi em direção a Gravataí. Soube que choveu muito por lá, mas aqui nada”, lamentou.

Juarez conta que, com a seca, restou para a sua plantação de milho ser transformada em alimentação para o gado dos vizinhos. “A gente tritura o milho e dá para o gado. Pelo menos achamos uma solução para a plantação. Ela não rendeu, mas pelo menos alimentamos os animais”, suspirou ele, que em 2021 conseguiu uma produção de 1,8 toneladas de milho. Agora a planta, sem água, já nasce morta. E a plantação de aipim também fracassou. Feita em agosto, com previsão de colheita em março, a planta não vingou. “O aipim deveria chegar ao tamanho de um metro, e não chega nem no joelho”, demonstra Juarez, ao lado da plantação. “Não tem nem raiz”, observa. 

O agricultor diz que a solução para tentar salvar alguma coisa seria uma chuva bem forte. “Mas teria de ser uma senhora chuva, de pelo menos um dia, para aumentar o nível dos rios. Não adianta chuva de meia-hora, uma hora...não soluciona o problema”, dispara. 
Porém apesar dos evidentes sinais de estiagem, existem pessoas que não conseguem ver problemas. “Olha, o pessoal está vendo muito TV e passa a acreditar nas tragédias. 

Em Tavares, a situação está muito ruim, mesmo. A gente sabe, porém aqui está tudo indo bem, legal”, garante Luiz Fernando Fernandes, proprietário da Pousada e Camping Fernandes, em Caraá, e que fica bem ao lado do Rio dos Sinos. “A gente observa as plantações bem verdes. O rio realmente está baixo, mas é normal nesta época do ano, sempre baixa um pouco”, afirma. Ele chama a atenção para a grama, que está realmente bem verde. “Se houvesse seca, ela estaria amarelada, e não é o caso”, garante. “Tem chovido frequentemente e o pessoal tem pescado bastante, são peixes caraá, cascudos e joaninhas”, encerra.


Correio do Povo
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