Estiagem revela grande quantidade de lixo represada no Rio Gravataí, em Cachoeirinha

Estiagem revela grande quantidade de lixo represada no Rio Gravataí, em Cachoeirinha

Situação vai gerar um impacto e um dano ambiental de grandes proporções.

Fernanda Bassôa

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Embalagens plásticas, restos de isopor, centenas de garrafas, sacos de lixo doméstico, capacetes de motocicleta, pedaços de madeiras, latas de alumínio, pneus e até restos de materiais de construção foram encontrados represados no Rio Gravataí, no trecho do bairro Veranópolis, em Cachoeirinha. O lixo chamou atenção das autoridades e da comunidade local, entre segunda e terça-feira.  

A Prefeitura de Cachoerinha informou que não há uma estimativa de quanto volume de lixo há no local, pois a Administração não sabe se está somente na superfície ou se no leito do rio também. A explicação para o aparecimento de tanto resíduo é por conta da estiagem: o nível do rio baixou e, consequentemente, represou o lixo que diariamente passava pelo local até chegar ao Delta do Jacuí. O rio Gravataí possui 39 quilômetros de extensão desde sua nascente em Santo Antônio da Patrulha. 

“É uma imagem muito chocante. Ver tanto lixo acumulado em um rio que poderia abastecer nossa cidade. Temos de trabalhar em conjunto com as cidades vizinhas para criarmos ações para a retirada deste lixo da maneira mais rápida possível e evitar que ele vá em direção ao Delta do Jacuí, e consequentemente chegue ao lago Guaíba. Além disso, queremos pegar parte deste lixo e exibir em frente à prefeitura e no nosso Parcão, para que as pessoas tenham a consciência de que descartar lixo indevidamente, prejudica toda a sociedade”, disse o prefeito de Cachoeirinha, Cristian Wasem. 

O presidente da Associação Voluntários do Rio Gravataí, Vilmar da Rosa, grupo que existe há pelo menos três anos em defesa do rio, lamenta o descaso e a falta de fiscalização frente aos frequentes descartes de lixo feitos nas margens do Gravataí. Segundo ele, essa situação vai gerar um impacto e um dano ambiental de grandes proporções. “É preciso reforçar a fiscalização e a educação ambiental dentro das escolas. Precisamos da água para lazer, para banho e para beber. Precisamos de um projeto amplo de recuperação do Rio Gravataí.” 

A Prefeitura de Cachoeirinha esclarece que já contatou a Fepam e, ainda nesta terça-feira, será realizada uma reunião para a implantação de um comitê de emergência, onde foram convidados representantes das cidades por onde passa o rio Gravataí, além de representantes de ONGs ambientais e também do Ministério Público, e técnicos ambientais. O prefeiton, o vice, delegado João Paulo Martins e a secretária municipal de Sustentabilidade, Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Sueme Pompeu de Mattos, vão conduzir os trabalhos. 

A ideia é que os técnicos apresentem alternativas para qual o método mais eficaz e rápido para realizar a limpeza da área, pois além do lixo, existe a questão do dique de proteção contra cheias do rio Gravataí. De acordo com a Prefeitura, é preciso encontrar alternativas que não incluam o uso de máquinas pesadas sobre o dique, para evitar problemas estruturais que possam causar um rompimento da proteção em épocas de chuvas, que ocasionaria uma grande tragédia na cidade. 


Correio do Povo
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