Excesso de lixo acumulado em ruas e calçadas é desafio para Porto Alegre

Excesso de lixo acumulado em ruas e calçadas é desafio para Porto Alegre

Somente neste ano, DMLU recolheu mais de 59,5 mil toneladas de 233 focos crônicos de resíduos

Felipe Faleiro

Lixo acumulado na manhã desta quinta no canteiro central da rua Dona Teodora, bairro Navegantes

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Em muitos pontos de Porto Alegre, o lixo acumulado em ruas e calçadas é algo que preocupa os moradores. Retratos do descaso com o meio ambiente e com a própria cidade, estes resíduos, em que pese serem recolhidos pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) em diversos momentos, atraem roedores e insetos indesejáveis, trazendo contaminação e doenças. Na Zona Norte, há locais onde a sujeira é flagrante, como nas ruas Dona Teodora, Frederico Mentz e Voluntários da Pátria, bairro Navegantes, em regiões de grande vulnerabilidade social.

Papéis, embalagens plásticas, entulhos, materiais orgânicos, tudo está misturado em meio a paisagem. No Navegantes, não distante da Arena do Grêmio, ainda que haja placas da Prefeitura avisando da proibição do descarte de lixo, as calçadas estão tomadas pelo mesmo. “Quando chegamos ao departamento, fizemos um mapeamento da cidade, para saber o tamanho do problema que teríamos de enfrentar. No início, identificamos 423 focos de lixo irregular. Conseguimos reduzir para 233”, comenta o diretor-geral do DMLU, Paulo Marques. 

Somente dos focos crônicos, o DMLU recolhe cerca de 300 toneladas diariamente. “Resolvemos investir em políticas de zeladoria, priorizar a educação ambiental, fortalecer o órgão, e as condições estão melhorando. Apesar da baixa, continuamos enfrentando os focos”. Um levantamento feito pelo DMLU a pedido da reportagem mostra que, de janeiro a julho deste ano, foram recolhidos 59 mil toneladas de resíduos de focos irregulares em Porto Alegre, valor 5% superior ao mesmo período do ano passado, quando foram retirados 56,5 mil toneladas. 

Com exceções de janeiro e abril, os demais cinco meses de 2023 tiveram coletas superiores a 2022. Em média, Porto Alegre recicla 5% do lixo reciclável, número considerado “triste” pelo diretor-geral. “É preciso haver conscientização das pessoas. Temos uma média de recolhimento de 1,1 mil toneladas recolhidos das casas dos contribuintes por dia. Quando chega no transbordo, estimamos que 408 toneladas são de materiais que poderiam ser recicláveis, se houvesse a destinação correta pela população”, comenta Marques. 

Ou seja, o volume de lixo que poderia potencialmente ir para um destino diferente pode ser maior, o que, por exemplo, gera mais renda a cooperativas e recicladores. Uma parte significativa do lixo irregular vai para a rede de esgotos, bloqueando os encanamentos, e, conforme foi debatido nesta semana em reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal, também aos arroios de Porto Alegre, contaminando ainda a água.

Ele reconhece, porém, que em locais como nas proximidades da estação São Pedro da Trensurb, é preciso recolher os resíduos às vezes duas vezes por dia, o que gera mais custos ao departamento. “No final das contas, tudo depende do quanto conseguimos atingir a população. Temos diversos programas, como o Linda Orla Limpa e o Bota Fora, plantio de hortas comunitárias, ações em escolas, mas é preciso uma parceria entre o poder público e a sociedade para que os resultados sejam alcançados”, observou Marques.


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