Falta de luz em Porto Alegre faz moradores carregarem celulares em tomadas de banheiro de hipermercado

Com a falta de luz e água verificada há dois dias, muitos moradores recorreram aos shoppings e hipermercados de Porto Alegre em busca de carregar smartphones e outros aparelhos eletrônicos. Desconhecidos entre si até então, estes habitantes próximos dos estabelecimentos criaram verdadeiras comunidades com um objetivo comum. Assim, onde há uma tomada funcional, há disputa, havendo quem inclusive leve multiplicadores, os populares “Ts”, não apenas para carregar para si, mas também ajudar outros que precisam.

O funcionário público Vanderlei Castanho foi na manhã desta quinta-feira ao hipermercado Bourbon Ipiranga, no bairro Partenon, para carregar seu telefone celular, assim como havia feito no dia anterior com o dele e o da esposa. “É o único lugar que tem luz para que eu possa fazer isto, e o T dá para vários utilizarem”, comentou ele, que contou não ter energia em sua residência. No conjunto de tomadas, perto da entrada de uma agência da Caixa Econômica Federal, seis pessoas carregavam seus aparelhos no mesmo horário.

Outras tomadas utilizadas eram as do banheiro masculino, onde outros cinco homens aguardavam o carregamento. “É uma necessidade, e está sendo bem tranquilo aqui”, afirmou o aposentado Telmo Lanes, morador do Partenon, um dos que estavam no local. O trabalhador da construção civil Rodrigo da Rosa Bianchi e o motoboy Alexandre Dias, que moram no Campo da Tuca, relatou que os funcionários do hipermercado estavam sendo solícitos no trato com os moradores. “Eles estão nos compreendendo”, disse Bianchi.

Segundo eles, o movimento na noite de quarta-feira, auge dos transtornos, havia sido ainda maior, mas que, devido ao retorno da luz a diversos locais, o número de pessoas que precisaram carregar os aparelhos externamente havia diminuído. No início da tarde desta quinta-feira, a CEEE Grupo Equatorial havia confirmado 144 mil pontos sem energia elétrica em sua área de concessão, especialmente na região metropolitana, representando uma redução sobre as horas anteriores.