Faltando menos de uma semana, comerciantes abaixo do Esqueletão dizem desconhecer demolição do edifício

Faltando menos de uma semana, comerciantes abaixo do Esqueletão dizem desconhecer demolição do edifício

Trabalhos por parte de empresa terceirizada da Prefeitura começam na próxima segunda-feira em Porto Alegre

Felipe Faleiro

Trabalhos iniciam no dia 8 e devem durar 120 dias, conforme cronograma da Smoi

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Daqui a menos de uma semana, na próxima segunda-feira, começa enfim a demolição do Esqueletão, no Centro Histórico de Porto Alegre, após anos de espera por parte de quem mora e trabalha na região. Os trabalhos, que devem se estender por 120 dias e estão orçados em R$ 3,79 milhões, estão a cargo da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi). A empresa responsável será a FBI, e o cronograma prevê a demolição manual dos nove andares mais altos, assim como uma área térrea junto à rua Otávio Rocha.

Depois, haverá a implosão dos andares restantes. A remoção do entulho ocorrerá à noite, ainda conforme a Smoi. Ainda que a secretaria tenha informado, em dezembro, que haverá isolamento do perímetro e os moradores serão removidos por três dias, na véspera, no dia e um dia após, proprietários de comércios abaixo do edifício afirmaram ontem que desconheciam os trabalhos da Prefeitura, o que impede inclusive a formulação de um plano para o período do fechamento.

“Tu está me informando agora”, relata o gerente de uma loja de roupas aberta há cerca de oito meses na Otávio Rocha, Jonas Ismael Pereira. “Vai acabar caindo alguma coisa ou outra, e aí vou ter que questionar a Prefeitura como vou fazer. Se isso acontecer, também acho que vai atrapalhar bastante. Temos metas a cumprir”, disse ele, que é morador de Canoas, na região metropolitana. O temor é que os trabalhos de demolição e posterior implosão impactem no comércio de roupas de verão, um dos carros-chefes da loja.

A proprietária de outra loja próxima, mas de roupas femininas, que não quis se identificar, afirmou que as paredes atrás de seu negócio fazem divisa com o Edifício Galeria XV de Novembro, nome oficial do Esqueletão. Conforme ela, que trabalha na área há mais de 40 anos, há muita sujeira e umidade vindos do prédio, e ainda o local é inseguro. “Soube que sairiam nas notícias, mas não vimos nada. Concordo que é preciso demolir, este prédio nos traz diversos problemas”, disse a proprietária.

Gerente de uma loja de artigos para smartphones aberta há quatro anos, Maritania dos Santos afirmou que, com certa frequência, ouve o barulho de detritos caindo no telhado de seu comércio, e que a demolição terá impactos nas vendas. “As obras do Quadrilátero Central aqui na Otávio Rocha já não ficaram como queríamos, e agora mais isto. Certamente também vai causar barulho e alguns prejuízos”, disse Maritania. Procurada para comentar a respeito, a Smoi disse que vai agendar uma entrevista coletiva para “especificar todas as questões” sobre o esquema de demolição do Esqueletão, e que representantes dos comerciantes também serão convocados.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895