Famílias são retiradas de casa com ajuda de barcos e tratores em Guaíba

Famílias são retiradas de casa com ajuda de barcos e tratores em Guaíba

Município sofre com vários pontos de alagamento e moradores dizem nunca ter visto situação parecida

Paula Maia

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Guaíba sofre com alagamentos em diferentes pontos da cidade. Além da área central, os bairros Alvorada, Ipê, Florida, Engenho e Passo Fundo registram alagamentos e desabrigados, nesta quarta-feira (27).  Antes do meio-dia, oito famílias da rua Marcilio Dias, no bairro Alvorada, foram retiradas com a ajuda de trator e barcos.

E é lá que a aposentada Ruth Jardim Cabral mora com sua neta. Ela deixou a sua casa quando a água já ultrapassava meio metro. Ruth lembrou que, na enchente de 1941, tinha sete anos e ainda guarda imagens na lembrança de brincar em cima da mesa e dos barcos do avó parados na frente de casa. Mas garante que não imaginava presenciar outra enchente. 

Ela contou que dois dos seus filhos voltaram para  a sua residência para  levantar os móveis e está com medo de perder a geladeira e o sofá que são novos. "Meus filhos estão lá para subir os móveis. Não sei o que restou", lamentou.

Na rua Olavo Bilac dois tratores realizaram a desobstrução da rua para poder fazer a retirada de pessoas e móveis. O secretário adjunto da Infraestrutura de Guaíba, Rudinei Mussoline, que estava acompanhado a operação dos tratores, afirmou que toda a Orla foi prejudicada. E que o trabalho de desobstrução vai permanecer o dia todo e logo após começa o de limpeza. 

"As retros estão tirando os troncos e resto de dejetos para passar os outros maquinarios", explicou o secretário.

Jorge Garcia, morador da rua Pinheiro Machado desde 1983, afirma que nunca viu nada parecido. Ele acredita que as águas não vão atingir a sua casa que fica no fim da rua, mas destacou que a situação crítica no bairro, onde mora seu filho. O também morador da Pinheiro Machado, Mauro Fraga compartilha o espanto com o alagamento nunca antes presenciado.

 A sua casa fica mais no início da rua e a água está chegando no portão. Da janela, Fraga observa o nível do rio desde cedo, mas acredita que não terá a sua residência invadida. Ele contou que presenciou a saída dos vizinhos com malas por causa dos alagamentos. "É tudo muito triste".

Água invade lojas na Beira-Rio

Na avenida João Pessoa, que fica na Beira-Rio, as águas já invadiram a rua e invadiram alguns pontos comerciais. De acordo com Karen Osório, proprietária de um consultório odontológico, a água começou a subir na frente do seu estabelecimento às 8 horas. Ela contou que já levantou alguns móveis e está apreensiva com o que pode acontecer. "A gente está levantando tudo para tentar minimizar os danos e orando para que as coisas não piorem", declarou. 

O tenente Homrich  afirmou que a Brigada Militar atendeu muitas ocorrências nas últimas 24 horas e que a BM reforçou a segurança nos bairros mais atingidos para tentar garantir a segurança nas residências das pessoas que foram para os abrigos.

O tenente destaca o acidente ocorrido na tarde da terça-feira onde um "carro caiu no córrego e foi arrastado pelas águas". Haviam três pessoas no veículo e uma mulher faleceu por afogamento. De acordo com a Brigada Militar, 24 pessoas de cinco famílias, estão no abrigo disponibilizado pela prefeitura.


Correio do Povo
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