Famílias se preparam para as homenagens de Finados

Famílias se preparam para as homenagens de Finados

Para escapar do movimento intenso do feriado, há quem prefira adiantar os preparativos e tradições da data

Giullia Piaia

Eduardo Almeida tem por tradição enfeitar o túmulo da família para o Dia de Finados

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Há séculos, a sociedade reserva um dia do ano para lembrar os que já se foram. A tradição, que se mantém nos dias atuais, culmina no Dia de Finados. Homenageá-los é uma necessidade universal, cada cultura a sua forma, seja com risos ou choro, prezes e oferendas, música e desfiles, ou um momento íntimo em família. No Brasil, a data é celebrada nesta quarta-feira e, com a aproximação da comemoração, desde terça já era possível encontrar quem preparasse o túmulo de seus antepassados para o feriado.

Em Porto Alegre, no cemitério São Miguel e Almas, no bairro da Azenha, os irmãos Marcos Vinícius e Luiz Eduardo Almeida colocavam flores no jazigo da família, onde estão os avós paternos, imigrantes portugueses, e o pai deles. “Quando eu era criança, os primeiros atos que eu me dou por gente, era sempre vir nesta data, em função do meu pai e do meu avô”, conta Eduardo. “Nossa avó foi a última dos três a falecer, em 1980”, complementa Marcos. Após a morte da matriarca, os irmãos passaram a frequentar o local sozinhos, mantendo a tradição da família. “É um momento de reflexão. Sempre rezo e penso no legado que eles nos deixaram”, explica Marcos. “Eles vieram de tão longe, logo antes da Segunda Guerra Mundial, em 1939”, lembra Eduardo. Além dos Almeida, outras famílias adiantaram a ida aos cemitérios, para evitar a aglomeração do feriado. Na tarde de ontem, o movimento era moderado. 

No cemitério da Santa Casa, vizinho ao São Miguel e Almas, Ângela e Alberi Silva, também irmãos, limpavam o jazigo perpétuo onde estão cinco familiares. “Eu vinha com a minha mãe todos os anos. Como ela veio a falecer, em maio deste ano, eu e meu irmão continuamos a tradição”, relata Ângela, enquanto lava a tampa de vidro do pequeno memorial. Eles aproveitaram a ida ao local para verificar as opções de confecção de uma placa com o nome da mãe, a única que ainda falta. “É bem provável que sejamos os últimos nesse processo de sepultamento. Nós, mais jovens, queremos ser cremados. Provavelmente, minha mãe será a última a usar o jazigo”, prevê. 

Para quarta-feira, é esperado movimento mais intenso em todos os cemitérios, expectativa, inclusive, dos floristas que rodeiam os cemitérios. Com as bancas já cheias de buquês e coroas, eles aguardam os visitantes para um dos dias de maior faturamento do segmento. “Os outros dias foram parados, hoje começou a melhorar, mas amanhã é que deve ser bom mesmo”, projeta Nair Guimarães, dona de uma das bancas.


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