Fechamento do Cemitério Municipal é alvo de reclamações em Alvorada

Fechamento do Cemitério Municipal é alvo de reclamações em Alvorada

Espaço foi fechado neste domingo com a alegação de que as fortes chuvas causaram o desmoronamento de uma galeria, deixando túmulos e cadáveres expostos

Guilherme Sperafico

Cemitério Municipal de Alvorada é interditado após queda de estrutura

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Com a justificativa de danos causados pelo temporal da última sexta-feira, o Cemitério Municipal São José Operário, em Alvorada, amanheceu fechado no domingo. Segundo informações, o motivo seria o fato de túmulos e gavetas terem sido danificados pelo desabamento de uma galeria, deixando cadáveres expostos.

Imagens que circulam pelas redes sociais, mostram a galeria - que não pode ser vista pela rua -, com a estrutura danificada, caixões quebrados e uma lona cobrindo os estragos. Além disso, relatos de representantes de funerárias e moradores das proximidades indicam que o problema é bem maior.

Entre as reclamações está a falta de manutenção do local que, na opinião de pessoas que acessam frequentemente o cemitério, seriam o real motivo do suposto desabamento dos túmulos. Além disso, diversas queixas relacionadas ao atendimento e funcionamento do espaço também foram registradas.

Desde 2020, os velórios nas capelas municipais só ocorrem durante o dia. A medida foi tomada durante a pandemia, porém, mesmo após o término dos surtos de Covid-19, os horários nunca foram normalizados.

Segundo um colaborador de uma funerária da cidade, que prefere não se identificar por medo de represálias, este tipo de situação afeta, principalmente, as famílias com menor potencial financeiro. Sem a permissão de velórios na capela pública, elas acabam tendo que arcar com os custos das capelas particulares.

Durante o fechamento inesperado do domingo para manutenção, nem mesmo durante o dia as capelas foram abertas para velórios. Além disso, dois sepultamentos foram prejudicados e somente duas pessoas de cada família puderam entrar para conferir e garantir que o corpo do ente querido seria devidamente enterrado.

Ainda conforme o relato, o próprio fechamento do Cemitério não foi bem explicado para as empresas. “Primeiro, disseram que o local estava infestado por mosquitos e o fechamento seria pela dengue. Depois, no início da tarde, publicaram uma nota informando o desmoronamento. Nem eles sabem o que é”, afirma.

Outros familiares de pessoas sepultadas no cemitério também foram prejudicados com a impossibilidade de acesso. “Uma senhora veio de Porto Alegre e saiu daqui chorando. Ela queria visitar o túmulo do filho, que faria 25 anos na quarta-feira, e o único dia que ela poderia vir era no domingo, mas não deixaram ela entrar”, relatou a moradora Ana Cristina Marques.

Vice-prefeito se diz inconformado

No final da tarde de domingo, o vice-prefeito de Alvorada, Valter Slayfer, foi informado da situação e esteve em frente ao cemitério para verificar o que havia acontecido. “Eu fiquei sabendo agora, quando cheguei aqui e me avisaram. Mas é lamentável esta situação. O que posso dizer é que vamos repassar ao prefeito e autoridades competentes”, disse.

O vice-prefeito demonstrou insatisfação com a equipe responsável pela manutenção do cemitério e informou não ter acesso para entrar no espaço público para conferir o que, de fato, ocorreu. Ele questionou o fechamento das capelas no domingo, uma vez que as obras seriam apenas no cemitério. Perguntado sobre o fato de elas estarem há quatro anos sem atendimento durante a madrugada, disse que também não estava ciente, mas não concorda com a medida.

Prefeitura emite nota

Através de publicação divulgada das redes sociais, a Administração Municipal se manifestou sobre a situação. De acordo com o comunicado, o cemitério ficará fechado até terça-feira e equipes já trabalham na manutenção.

Confira a nota:

“A Prefeitura Municipal de Alvora informa, através de nota oficial, que o Cemitério Municipal, localizado na rua Oscár Schnick, nº 1278, bairro Formoza, permanecerá fechado até a próxima terça-feira, devido ao desmoronamento da quadra E, relacionado as fortes chuvas da última sexta-feira.

Equipes já trabalham no local para restabelecer o atendimento o mais breve possível.

Lembramos ainda, que os sepultamentos seguem sendo realizados.”


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895