Federasul revela expectativas incertas para 2024

Federasul revela expectativas incertas para 2024

Presidente da entidade apontou as dificuldades enfrentadas devido a um país polarizado

Paula Maia

Balanço foi apresentado pelo presidente da Federasul Rodrigo Sousa Costa, e vice-presidente e coordenador do núcleo de Economia da Federasul, Fernando Marchet

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A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) apresentou, nesta quinta-feira, seu balanço anual e projeções para o próximo ano, revelando um clima de imprevisibilidade, conforme declarado pelo presidente da entidade, Rodrigo Sousa Costa.

O presidente destacou as dificuldades enfrentadas devido a um país polarizado, os esforços da Federasul para unificar a comunicação e promover o diálogo em um cenário de divisões ideológicas. Costa ainda mencionou a necessidade de direcionar o foco para um propósito comum: tornar o ambiente de negócios mais favorável, gerar riquezas, promover a evolução empreendedora e buscar o bem comum para os gaúchos através do trabalho conjunto entre diferentes setores.

Costa expressou preocupações sobre diversos fatores que contribuem para um cenário incerto em 2024. Entre eles, destacou os riscos relacionados à remuneração da folha de pagamento, ressaltando a apreensão diante de anúncios recentes do governo federal e os possíveis retrocessos trabalhistas que poderiam impactar negativamente as empresas.

Além disso, o presidente da Federasul chamou a atenção para os eventos climáticos adversos que afetaram o Estado, e enfatizou o papel da entidade, conhecida por sua visão empreendedora, em colaborar com o governo na formulação de decisões estratégicas.

A apresentação dos dados foi conduzida pelo vice-presidente e coordenador do núcleo de Economia da Federasul, Fernando Marchet, evidenciando a importância da transparência e da análise cuidadosa dessas informações para compreender os desafios e oportunidades que o próximo ano poderá trazer ao ambiente empresarial e econômico do Rio Grande do Sul.

A fala do vice-presidente da Federasul ofereceu uma perspectiva otimista em relação ao potencial do RS para o ano de 2024. Ele destacou a importância de diversas técnicas e elementos, desde a geração de renda até a reputação do governo, ressaltando a necessidade de uma maior reputação para a região.

A previsão do PIB para o Rio Grande do Sul em 2024 é de 4,32%. A agropecuária deve crescer 35% após os 25% em 2023 e a queda considerável em 2022 de -45,6%. O setor de serviços tem a previsão de crescimento de 1,2% e a indústria 1,8%, após os -3,8 deste ano.

Sobre as expectativas, desafios e condições de governo para 2024, o balanço destacou alguns pontos como um ambiente externo com mais incerteza que o normal; juros reduzidos, mesmo com assimetrias altistas para inflação; PIB incentivado por investimentos públicos; e a necessidade de aumento de impostos para sustentação fiscal.

No cenário de gestão e governabilidade foi ressaltado uma maior presença de indicados do Governo em cargos importantes, como no Bacen e STF; as parcerias internacionais em pauta, dado o contexto geopolítico conturbado; uma perda de credibilidade, sem o cumprimento das metas propostas; além de uma insegurança jurídica.

A previsão para o PIB brasileiro, sai dos 2,84% deste ano para 1,33% em 2024. Na indústria, haverá um aumento da confiança para investimentos apesar dos juros elevados. No setor de serviços, deve ocorrer uma desaceleração do mercado, mas o patamar deve continuar aquecido. E na Agropecuária o alerta para uma menor safra devido ao El Niño.

Marchet também mencionou as mudanças esperadas no Banco Central e suas possíveis repercussões na economia. Ele destacou a substituição do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no final de 2024 e previu que, com a indicação pelo governo Lula, a taxa de juros tende a ser reduzida.

O vice-presidente mencionou o período anterior à recessão, quando o Banco Central sob o comando de Tombini contribuiu para a crise econômica do país, em 2015 e 2016, ao reduzir a taxa de juros em um momento fiscal inapropriado. Ele projetou uma redução na taxa de juros para cerca de 9,75% e especulou que essa taxa poderia diminuir ainda mais.

No entanto, ressaltou a importância de considerar o cenário fiscal, mencionando que parte do Banco Central ainda não terá sido indicada pelo governo. Ele prevê que a gestão do Banco Central sob a liderança do governo Lula possa adotar uma postura mais flexível em relação à taxa de juros.

O vice-presidente destacou que, embora a queda da taxa de juros possa impulsionar setores como construção civil e indústria, a dependência excessiva do consumo e dos gastos governamentais para o crescimento econômico pode representar riscos futuros.

Marchet sugeriu que empresários investidores devem ser cautelosos, considerando o risco associado a períodos de taxas de juros artificialmente baixas e crescimento econômico baseado principalmente no consumo.


Correio do Povo
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