Feiras no largo Zumbi dos Palmares fortalecem o afroempreendedorismo em Porto Alegre

Feiras no largo Zumbi dos Palmares fortalecem o afroempreendedorismo em Porto Alegre

Na Semana da Consciência Negra, além da produção cultural africana, destaque para a gastronomia e as apresentações musicais a partir das 18h30min

Giullia Piaia

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Até este domingo, das 14h às 21h30min, uma feira no Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, fortalece o afroempreendedorismo, a produção cultural preta e a gastronomia afro.

“É a prefeitura cumprindo seu papel de apresentar para a sociedade o que ela está fazendo em torno da questão do negro. Não é um favor que a prefeitura está fazendo”, frisa Adriana Santos, coordenadora de Direitos e Promoção de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. “Nossa proposta não é fazer algo pontual, mas continuar em contato com os afroempreendedores e pensar políticas públicas que os ajude”, afirma.

No Largo, tradicional reduto afro da Capital, estão sendo realizadas simultaneamente a Feira do Afroempreendedor, a 2ª Feira do Livro Afro, praça de alimentação, encaminhamento profissional com o Sine Municipal, apresentações culturais e atividades para o público infantil, como contação de histórias e brinquedos infláveis, entre outras atividades de saúde e bem-estar propostas pela prefeitura. A proposta é divulgar e incentivar ações que valorizem a cultura negra. 

Há 26 anos no mercado, o Itanajara Beauty Saloon é uma estética especializada em beleza afro, cabelos crespos e cacheados. “Eu trabalhava já em salão de beleza, que atendia mulheres brancas, e sempre achei que eu tinha que fazer um curso para aprender a me dedicar ao cabelo afro”, conta Itanajara Dione Almeida. Ao abrir o próprio negócio, a cabeleireira entrou de cabeça no afroempreendedorismo. Além de ser dona de salão, é diretora financeira da Cooperativa Estadual de Trabalho e Desenvolvimento dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (COOPTMA).

Itanajara é empresária há 26 anos. Foto: Ricardo Giusti

“Essa feira nada mais é do que uma construção coletiva, fazendo que nossos produtos e serviços tivessem essa visibilidade. Hoje recebemos nosso dinheiro e vamos comprar dos que têm o mesmo viés que nós, para que permaneça mais tempo dentro da nossa comunidade”, explica Itanajara. A prefeitura trabalhou junto a importantes movimentos afro da cidade para definir quais atividades participariam da feira.

Dentre muitas atividades realizadas pela cooperativa, está a comercialização de velas. “As velas nos unem, não existem povos de matriz africana que não acedam velas. É a linguagem com a qual nos comunicamos. É nossa terceira produção, vendemos cerca de 15 caixas por semana já, fazendo com que as pessoas se conectem conosco”, pontua a empresária.

Com início no começo da tarde, a feira segue com apresentações musicais a partir das 18h30min, até as 21h30min. Ontem, primeiro dia de evento, Negra Jaque, Glau Barros e Alex Samba foram as atrações da noite, em grande palco com todo o aparato para os shows.


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