Fim de semana de ações pelo RS para chamar a atenção para o Autismo

Fim de semana de ações pelo RS para chamar a atenção para o Autismo

Mês do Abril Azul pretende informar e esclarecer dúvidas sobre o Transtorno do Espectro Autismo

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Palácio Piratini foi iluminado com a cor do Abril Azul, mês com ações para chamar a atenção do Autismo

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O fim de semana foi de ações em diversas cidades do Rio Grande do Sul para chamar a atenção da comunidade gaúcha para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que ocorre todo ano no dia 2 do quarto mês do ano. Em Porto Alegre, neste domingo, uma caminhada no Parque Farroupilha reuniu centenas de pessoas vestidas de azul, cor do “Abril Azul”, mês dedicado a intensificar as atividades que tem como objetivo informar e esclarecer dúvidas sobre o Transtorno do Espectro Autismo (TEA).

A campanha nacional apresenta neste ano o tema “Mais informação, menos preconceito”. Para marcar a data e levar conhecimento para a população, o governo do Estado iluminou o Centro Administrativo Fernando Ferrari e o Palácio Piratini com a cor da campanha. Além de Porto Alegre, diversas cidades fizeram caminhadas e eventos entre o sábado, como foi o caso de Canguçu, e o domingo.

Em Santa Maria, a ação ocorreu no Praça João Pedro Menna Barreto, a Praça dos Bombeiros, no Bairro Bonfim. Uma caminhada levou centenas de pessoas as ruas de Capão da Canoa. Em Erechim, uma rústica e um passeio a pé pelas ruas da cidade mobilizaram a comunidade.

Na Capital, a atividade foi realizada pela prefeitura, em parceria com o Instituto Autismo & Vida, a Associação de Familiares e Amigos das Pessoas com Autismo de Porto Alegre, o Movimento Orgulho Autista Brasil e o Centro Regional de Referência em TEA/ TEAcolhe da Apae Porto Alegre, e teve a participação de representantes do Programa TEAcolhe, do governo do Estado e Telessaúde.

Centro Administrativo Fernando Ferrari também foi iluminado com a cor do Abril Azul, que chama a atenção para o Autismo - Foto: Fabiano do Amaral

O TEA

O TEA é classificado como um dos transtornos do neurodesenvolvimento e se caracteriza pelas dificuldades de comunicação, interação social e comportamentos restritos ou repetitivos. É classificado em grau leve, moderado e severo. Há dois critérios para o diagnóstico do TEA: déficit na reciprocidade socioemocional (seja na comunicação não verbal ou na interação social) e presença de comportamentos restritos ou repetitivos.

Pessoas com TEA podem apresentar desde pequenas dificuldades de socialização, deficiência intelectual até dependência de cuidados ao longo da vida. A Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, feita pela Faders Acessibilidade e Inclusão no Rio Grande do Sul, foi lançada em 2021. Até 30 de março deste ano, foram emitidas 10.738 carteiras, o que indica uma estimativa da população com TEA no Estado.

Segundo análise publicada no dia 23 de março no Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade do CDC (Centro de Controle e de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), uma em cada 36 (2,8%) crianças de 8 anos identificada com TEA de acordo com dados de 11 comunidades monitoradas no país da América do Norte. O número é superior à estimativa anterior, de 2018, que encontrou uma prevalência de 1 em 44 (2,3%).

“Os números são alarmantes”, avalia o neuropediatra, Felipe Kalil, especializado no assunto. De acordo com ele, quanto mais cedo os pais estiverem atentos aos sinais, mais intervenções podem ser feitas para melhorar a qualidade de vida da criança.

“A suspeita precoce já é suficiente para ter um cuidado maior e já iniciar uma intervenção terapêutica. A gente chama de plasticidade cerebral a capacidade de aprendizagem de uma criança, que é milhares de vezes maior que a de um adulto, só que as crianças precisam aprender a aprender. Isso tem que ser estimulado, pois essa capacidade vai diminuindo com o tempo”, afirma Kalil.

O especialista sugere que os pais acompanhem de perto o desenvolvimento do bebê para opbservar se ele está condizente com o esperado para cada fase, como, por exemplo, conseguir olhar nos olhos desde os primeiros meses de vida. Atender ao chamado de voz, interagir com brincadeiras, dar gargalhadas, entre outros sinais. Caso tenha qualquer dúvida, o ideal é buscar a ajuda de um especialista.

A terapia é feita por meio do apoio de diferentes profissionais, como psicólogos, fonoaudiólogos e pedagogos, que podem estimular a criança em diversos aspectos para o seu desenvolvimento atual e futuro. Apesar de ser um transtorno que não tem cura, o especialista afirma que é possível conviver com a doença ao longo da vida. “As intervenções na infância vão potencializar o futuro dela, então, sim, temos autistas adolescentes, adultos, tendo vidas consideradas ‘normais’, trabalhando em empresas, em hospitais”, comenta Kalil.

Segundo o Conselho Nacional de Saúde, aproximadamente 2 milhões de pessoas tem TEA no Brasil.

O TEAcolhe

O TEAcolhe é um dos programas prioritários do governo do Estado e já dispõe de 28 centros regionais em funcionamento. Para completar os 30 centros previstos, será lançado, ainda no primeiro semestre, um edital para as regiões de saúde que estão em aberto: região de saúde 18 (Araucárias), que faz parte da região Norte; e região 27 (Vales-Jacuí), que integra a região central.

Quanto aos Centros Macrorregionais, dos sete previstos, seis já se encontram em atividades de organização e matriciamento do atendimento em cada uma das macrorregiões do Estado. Também via edital, em breve entrará em funcionamento o Centro da Macrorregião Metropolitana.

Até dezembro de 2022, o TEAcolhe realizou 2.754 atendimentos e 536 atividades de educação permanente, tendo 18.162 pessoas capacitadas no Rio Grande do Sul.


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