“Foi falha humana”, alega empresa de água mineral interditada pela Vigilância de Porto Alegre

“Foi falha humana”, alega empresa de água mineral interditada pela Vigilância de Porto Alegre

Órgão encontrou irregularidades em galões de água da marca Fontes de Belém

Flávia Polo / Rádio Guaíba

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Interditada desde 12 de julho, a empresa Fontes de Belém, que capta e envasa água mineral, alegou falha humana para explicar o resultado do laudo da Vigilância em Saúde que apontou, em um lote do produto, bacilos e substâncias contaminantes que constituem “risco iminente à saúde pública”.

De acordo com informações prestadas à Rádio Guaíba pelo advogado da empresa, Gabriel Souza, o problema no lote Dia 25, com fabricação em 25 de maio e validade até 9 de julho, se deu porque um funcionário, responsável por fazer a esterilização dos galões de 20 litros, não viu que o produto químico utilizado nesse processo havia acabado. O mesmo funcionário, também responsável pela troca de filtros também não realizou esse processo no dia em questão. Em função dessa falha, conforme Souza, substâncias como o bacilo Pseudomonas Aeruginosa, apontado no relatório, e fragmentos de insetos, tecido e plástico, foram encontrados no lote.

"Esse funcionário estava passando por um momento pessoal bem delicado, então a gente entendeu que erros humanos acontecem, todas as pessoas são passíveis a erros. E a gente conversou com ele. Demonstramos a magnitude que causou essa falta de atenção". Sobre um possível desligamento do funcionário, o advogado nega a possibilidade. "Fica um pouco complicado demitir alguém ou dar uma punição por algo que poderia ter acontecido com qualquer pessoa. Perante a isso, somos bem humanos, e entendemos que talvez possa ter havido uma falha nossa também em não ter duas pessoas responsáveis por aquele processo", explica.

Em função disso, a empresa se comprometeu a contratar mais um funcionário para se somar ao processo específico a partir da reabertura da linha de produção, prevista para a próxima quarta-feira, 26. Até esta data, os cinco laudos solicitados pela Vigilância vão ser entregues pela empresa.

"Já temos o relatório em mãos de um laboratório químico que fez um novo teste, e está tudo 100%. Temos também um certificado da empresa que faz toda a esterilização de todo o material onde há a possibilidade de incidente de contaminação, e nós já estamos plenamente ok com todas as conformidades. Só que ainda precisamos que saiam cinco laudos, porque a Vigilância solicita que sejam feitos cinco laudos, e eles demoram mais de 15 dias para ficarem prontos. Então, estamos apenas aguardando a confecção desses laudos para voltarmos firmes e operantes", reforça o advogado.

Gabriel Souza não soube contabilizar quantos galões compõem o lote contaminado, e explicou que a venda ocorre diretamente às distribuidoras, e não ao consumidor final, e que até o momento nenhuma distribuidora havia devolvido qualquer galão. Ele reforça que a empresa acumula 39 anos de história e nunca havia passado por uma situação semelhante. Até a interdição, a Fontes de Belém fazia o envase de cerca de dois mil galões ao dia.

Souza salienta ainda que, para fazer os testes, a Vigilância retirou dez galões da empresa, e as substâncias contaminadas foram encontradas em dois deles. Após a notificação, a empresa realizou novos testes e não encontrou irregularidades.

Os galões contaminados não devem estar sendo vendidos pelas distribuidoras, mas caso algum consumidor adquira um galão desse lote, a chefe da equipe de Vigilância, Nayara Poleto, salienta que o consumidor deve informar a prefeitura, pelo serviço 156.


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