Frente para Acompanhamento da Hidrovia da Lagoa Mirim é instalada na Assembleia

Frente para Acompanhamento da Hidrovia da Lagoa Mirim é instalada na Assembleia

Além de acompanhar o desenvolvimento do projeto, o grupo de deputados pretende atuar na promoção da via fluvial, na sua implantação e também na operacionalidade

Correio do Povo

Embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles Galmes, destacou a importância da hidrovia da Lagoa Mirim para os dois países e, principalmente, para as regiões que serão favorecidas pela via fluvial

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Foi instalada na manhã desta quinta-feira, na Assembleia Legislativa, a Frente Parlamentar para Acompanhamento da Hidrovia Binacional da Lagoa Mirim, presidida pela deputada Adriana Lara (PL). A via fluvial, que ligará o Brasil ao Uruguai, é constituída por trechos de sete rios, com uma extensão total de 1.860 quilômetros. A navegação pelo canal fluvial permitirá o escoamento de cargas dos dois países pelo Porto de Pelotas, possibilitando o acesso de cargas por rotas no Oceano Atlântico.

“É o primeiro projeto de concessão hidroviária do país. Isso é muito significativo, pois permitirá o escoamento de cargas pelo Porto de Pelotas, gerando divisas, empregos, oportunidades de negócios para o nosso Estado. Estamos falando de desenvolvimento econômico e quando deste tema, falamos de desenvolvimento social, humano, geração de recursos, de empregos e de qualidade de vida”, destacou a parlamentar.

A deputada lembrou que a hidrovia abrangerá afluentes brasileiros, como a Lagoa Mirim, o rio Jaguarão, o canal do São Gonçalo, além de canais de acesso hidroviário, o Porto do Rio Grande, a Lagoa dos Patos, o Guaíba, especialmente, os rios Taquari, Jacuí, dos Sinos, Gravataí e Caí. A dragagem da Lagoa Mirim fará a ligação com a Lagoa dos Patos para permitir a integração a hidrovia do Mercosul, oportunizando o transporte de grandes cargas com custos operacionais “bem menores”. “A hidrovia pode viabilizar transporte anual de cinco milhões de toneladas de carga entre Brasil e Uruguai”, frisou.

Além do acompanhamento, a Frente Parlamentar atuará na promoção da hidrovia, incluindo a sua implantação e operacionalidade. “Contamos com o apoio de todos para que essa frente seja pujante e para que dê resultados. Que não seja apenas um ato protocolar, mas, de fato, possa buscar os recursos, a articulação política entre os governos, para que se torne uma realidade esse sonho que acalentamos há muitos anos”, ressaltou.

O líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes, destacou que a Frente irá contribuir para dar celeridade ao "que queremos ver há bom tempo concretizado”. “E praticarmos não só a integração, mas a instalação de um modal de transporte que o nosso país, Estado e países da América do Sul estão devendo a outros continentes. As hidrovias estão aí para serem exploradas de forma sustentável e viabilizar o desenvolvimento dos povos, dando segurança e sendo uma alternativa para contribuir a meta do mundo inteiro de degradar menos o ambiente em que vivemos. Além de diminuir custos e aumentar a capacidade de crescimento de segmentos estratégicos dos dois países, nos ligando mais”, afirmou.

Já o embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles Galmes, falou sobre a importância do projeto da hidrovia, que é um sonho de 63 anos entre os dois países. “Esse sonho não pode ser compartilhado apenas em Montevidéu e Brasília, mas com todos que vão participar, beneficiar e que conhecem a realidade da região, que não tem nenhuma razão para ser pobre como é até agora. A única razão para isso, falando dos dois departamentos (estados) do Uruguai, é a logística, que fica muito distante dos portos”, afirmou o embaixador.

Galmes também destacou a importância da participação da iniciativa privada na concessão. “É uma mudança de paradigma. O Estado não pode fazer tudo e não deve. Deve contribuir com as forças da sociedade. Isso que vai dar sustentabilidade econômica. Do ponto de vista uruguaio, a produção agrícola do país não tem que sair apenas dos portos uruguaios, já que temos a menos de 250 quilômetros da fronteira o porto magnífico de Rio Grande ou o de Pelotas. Por que esse olhar ultranacionalista absurdo? Vamos deixar para as próximas gerações a lição de fazer as coisas conjuntamente”, assegurou.

O embaixador ainda anunciou que o Uruguai aprovou um memorando de entendimento pelo qual Brasil e Uruguai vão considerar o aeroporto de Rivera como binacional para que os voos de Porto Alegre para Rivera sejam considerados voos regionais, sem o pagamento das tarifas internacionais.

“Como podemos considerar voos internacionais? Rivera e Sant'Ana do Livramento são cidades gêmeas. É um povo único. Uma nação única. Não faz sentido taxar e impostos internacionais quando estamos em uma fronteira única. O protocolo será assinado em poucos dias. Temos que trabalhar juntos para trazer atividades econômicas, empregos, mas olhando com respeito com o meio ambiente”, destacou.

Galmes ainda fez questão de ressaltar a importância do início do processo para a construção da ponte entre Jaguarão e Rio Branco, no Uruguai. Nesta semana, o governo brasileiro assinou o processo para iniciar a licitação e, posteriormente, a obra que ligará os dois países.


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